sexta-feira, 22 de junho de 2012

O modelo (parte 5)


...venha o Teu reino...
Mateus 6:10

O que é capaz de diferenciar dois reinos numa mesma região, além das fronteiras físicas, são as leis e princípios que regem cada um. Na verdade, só se pode dizer que sejam reinos diferentes se tiverem essa sorte de distanciamento, concorda? Jesus foi o grande arauto de um outro reino. Viveu para nos fazer crer que existe um outro reino além desse no qual nascemos, crescemos e morremos.

Basta ver a enorme quantidade de vezes que o termo “reino” é repetido ao longo dos evangelhos. Boa parte dessas vezes está nas introduções que Jesus fazia das parábolas: “o reino dos céus é semelhante a...” Sua grande preocupação parecia ser fazer propaganda de uma realidade regida por outro tipo de leis e princípios, um reino radicalmente diferente.

Bota radical nisso. Nesse reino uma única ovelha perdida justifica uma arriscada jornada de resgate; as pessoas não são julgadas pelo que têm, e isso não inclui apenas posses, mas talentos também; os conceitos de raça e gênero também não fazem qualquer efeito; os mansos, singelos, sofredores, perseguidos e pacificadores são honrados e se dão bem; o maior serve o menor; o perdão está na ordem do dia; o amor é muito mais que um conceito vazio, é a prática e o pontapé inicial de cada mínimo ato. Este, em resumo, é o reino do qual Cristo fazia propaganda.

Como bom arauto e embaixador, Ele vivia os princípios e leis do reino ao qual apontava, para que ninguém julgasse esse reino uma fantasia de lunático, algo irreal, inverossímil, impossível. Vestia, por assim dizer, as vestes típicas do reino de onde vinha, falava o linguajar de lá e orientava-se pela ética de lá, tão distante da de cá que acendia em quem se encontrava com Ele apenas duas reações possíveis: amor e veneração ou ódio mortal. Ninguém ficava indiferente ao arauto do reino dos céus.

Os discípulos pediram-Lhe para ensinar como deveriam orar, como deveriam aproximar-se de Deus. Terminada a introdução da oração, logo de cara Jesus posiciona essa frase: “venha o teu reino”.

Penso que esse pedido significa uma poderosa afirmação de crença na realidade do reino dos céus, mas não apenas isso. Implica na manifestação de um convencimento íntimo de que esse outro reino é melhor do que este aqui. Como um adolescente brasileiro dos anos 70, se encantando com seriados e filmes americanos, começa a usar calça jeans e camiseta, o cristão, convencido da superioridade do reino objeto da propaganda de Jesus, pede a vinda do reino dos céus como quem pede as roupas, o linguajar, a ética, os princípios e tudo o mais que seja possível já agora, até que o reino se instale definitivamente e tudo lhe seja sujeito. Orar “venha o teu reino”, portanto, é clamar pela volta de Jesus e por receber do alto, já agora, o sotaque do país que Ele vai fundar.

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