sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Este é o meu garoto!

Algumas vezes meus filhos não são os senhores perfeitinhos que eu poderia querer. Eles repetem pela centésima vez o mau hábito que já foi corrigido 99 vezes. Eles derramam leite com Toddy na camiseta da escola bem na hora de sair. Eles mostram interesse por algumas coisas quando eu preferiria que eles estivessem se interessando por aquelas outras coisas. Eles algumas vezes tratam as pessoas de um jeito que não as faz pensar "oh, que boa educação esses meninos receberam daquele pai e daquela mãe!"

Nessas horas eu preciso lembrar que meus filhos (como eu também) são seres em construção. São obras em andamento. E preciso lembrar também que Deus me convidou a imitá-lO.

Quando Jesus foi batizado, Lucas e João revelam que Ele ficou ali na água, orando, quando o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba. Lucas acrescenta um detalhe incrível: ouviu-se uma voz do céu (como será a voz audível de Deus?) dizendo: "este é meu filho amado em quem me comprazo" (Lucas 3:22). A Bíblia Viva verte essa frase para "Você é o meu Filho muito amado; em você está o meu prazer", mas poderia ser também: "este é o Filho que me enche de alegria".

É fácil entender porque ali, logo no começo do ministério de Jesus, Deus decidiu dar uma prova sobrenatural, uma reedição daquela estrela brilhando sobre a estrebaria de Belém, para todos os circunstantes saberem que estava ali o Filho de Deus. Mas por que acrescentar que Ele O enchia de alegria? Porque dizer aquilo com essa conotação de "esse é o meu garoto!"?

Eu também me encheria de orgulho de um Filho que vive para os outros, que realiza milagres, que prega para as multidões e que muda o curso da História de todo um planeta. Mas o detalhe é: Jesus ainda não havia feito nada disso. A afirmação divina parece deslocada no tempo, encaixaria melhor na cruz. Jesus não havia derramado o copo de leite nem nada, mas o fato é que, antes de ser a Pessoa que o mundo todo admirava e ou seguia ou odiava, Deus já estava cheio de alegria com Ele, decerto porque conhecia a pessoa em Quem Ele estava se tornando e estava prestes a revelar.

Se eu passo tempo com meus meninos, se eu realmente vivo com eles, então eu os conheço. Então eu posso pressentir que tipo de homens eles serão. E é por isso que, seguindo o modelo mostrado pelo Pai Eterno, eu posso trocar suas camisetas sujas dizendo: este é o meu garoto, que me enche de alegria! (e, claro, acrescento na sequência: "tome mais cuidado com o leite!")

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Instituto americano mede estatísticas preocupantes sobre casamento

The Fourth Annual Index of Family Belonging and Rejection 
(http://marri.us/):

Apenas 46% dos americanos entre 15 e 17 anos foram criados por ambos os pais biológicos casados desde seu nascimento.

"Regionally, the Northeast (50 percent) has the highest Family Belonging Index and the South (42 percent) has the lowest.
Utah (57 percent), Minnesota (56 percent), and Nebraska (55 percent) have the highest Family Belonging Indices of all the states.
The District of Columbia (17 percent), Mississippi (32 percent), and Louisiana (36 percent) have the lowest Family Belonging Indices of all the states.
Family belonging is strongest among Asians (65 percent) and weakest among Blacks (17 percent)."

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O silêncio da montanha

"Elevo aos montes o meu olhar", escreve o salmista, "de onde me vem socorro?" (Salmo 121:1)

Porque às vezes você parece encurralado. Parece cercado. Parece que o universo inteiro está conspirando contra você. Você se recorda das histórias de salvação. Quando, na última hora, ouve-se a corneta da cavalaria e os bárbaros são surpreendidos pela chegada dos reforços. Quando o vilão está prestes a disparar o tiro fatal e ouve-se o estampido mas quem cai é ele, vitimado pelo salvador que chegou bem na hora. Bem na hora.

E aí você lembra dessas histórias. Eu não sou o mocinho desta história? Eu não deveria ser salvo? E você olha pras montanhas esperando ver a cavalaria descendo a galope. De onde me vem socorro?

O Salmo continua com uma afirmação descolada do cruel silêncio em que está a montanha: "O meu socorro vem do Senhor que criou os céus e a terra" (verso 2). Não há cavalaria, mas há uma lembrança que se impõe inclusive sobre as lembranças das histórias de cavalaria. Esses montes, que estão ainda irritantemente, angustiadamente silenciosos, quietos, parados, esses montes foram criados por Alguém. Esse Alguém fez também o céu que está acima deles.

Assim, embora seus olhos não vejam nada e seus ouvidos não escutem nenhuma corneta ecoando, sua razão se impõe. É algo que você sabe. É algo que você conhece.

"Ele não deixará que você tropece. Ele vigia de perto cada um dos seus passos, sem cochilar. É verdade! O protetor de Israel não cochila nem dorme. Ele está sempre alerta! O Senhor é o seu protetor. Ele estará sempre ao seu lado como sombra para o proteger. O sol não lhe fará mal de dia, nem a lua, de noite. O Senhor o protegerá de todo o mal, ele protegerá sua vida! O Senhor tomará conta da sua entrada e da sua saída, agora e sempre". (versos 3-8, Bíblia Viva).

Porque a memória deste fato é o quanto lhe basta por agora. Ainda que os montes permanecem calados, você sabe. E então encara seu algoz, estufa o peito ante os bárbaros. E sorri.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Tinha uma igreja no meio do caminho

Quando aquele especialista em Bíblia perguntou a Jesus o que devia fazer para herdar a vida eterna, Jesus respondeu perguntando-lhe o que a Bíblia dizia. Ame a Deus e ao próximo, foi a resposta dele, e Jesus confirmou que era justamente por aí. Por outras palavras, Jesus disse que a vida futura depende da vida presente. Jesus disse que o Céu depende de quem você ama. E de como você exercita esse amor.

Para fugir pela esquerda, o tal doutor da lei perguntou como poderia definir "próximo" e aí vem a fantástica parábola do bom samaritano: um homem é assaltado e espancado e deixado à beira da estrada quase à morte. Passam dois religiosos, olham e nada fazem. Passa um samaritano, alguém desprezado pelos judeus, e ele ajuda abrindo mão de seu próprio tempo, seu próprio conforto e seu próprio dinheiro para ajudar o pobre homem.

Alguns estudiosos apontam para uma possível razão pela qual o sacerdote e o levita não ajudaram o homem espancado na rua: se o homem morresse e eles tocassem nele, estariam imundos, impuros, não poderiam tomar parte nos rituais religiosos. Se é verdade, então Jesus estaria dizendo algo como: "sua participação na igreja pode estar atrapalhando você de fazer o que devia estar fazendo". Uau! Reggie McNeal (em Get Off your donkey, ou seja, algo como Desça do seu jumento) comenta assim: "Ao sugerir que as necessidades das pessoas tem prioridade sobre a observância religiosa, Jesus explodiu a tampa da religião. Ele expôs os valores das instituições religiosas e desafiou seu controle sobre as pessoas... É fácil apontar o dedo para os líderes religiosos do primeiro século. O problema está em que, atividade religiosa continua atrapalhando o caminho para que sejamos bondosos com nosso próximo".

Romanos 8:19 diz que o Universo inteiro aguarda com "fremente expectativa" a revelação dos filhos de Deus. Talvez tomar parte em mais cultos, mais programas de igreja não seja exatamente se revelar como filho de Deus. Não enquanto houver gente espancada e deixada à morte (física, emocional, espiritualmente) no caminho.

McNeal conclui: "A igreja tem um começo e terá um fim. O reino de Deus, por outro lado, é eterno - um fato rememorado toda vez que oramos a oração do Pai Nosso. A igreja não é nosso destino final. O Reino é".

É bom lembrar para onde estamos indo de quando em vez, para não se perder no caminho.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O que falta para Ele vir?

Terminei de ler esta semana UnChristian (algo como "DesCristão", mas que foi traduzido como "DesCrente"), de David Kinnaman e Gabe Lyons. O livro trata de uma ampla pesquisa feita nos EUA com pessoas entre 15 e 29 anos sobre o que pensam do cristianismo e termina com uma extensa série de relatos de expoentes do meio cristão contemporâneo (nomes como John Stott, Rick Warren, Chuck Colson, Jim White e Brian McLaren). Os autores pediram que eles dissessem como imaginavam que a igreja cristã poderia ser em 30 anos. Depois de ler os vinte depoimentos, tirei algumas conclusões:

1. Muitos deles estão preocupados em que a igreja se torne um tipo de organização da esquerda light, focando nas coisas que preocupam a mídia hoje, levantando bandeiras como o ambientalismo, a erradicação da pobreza, abolição de armas de destruição em massa e direitos humanos para mulheres e crianças em todas as culturas;

2. Muitos deles estão preocupados em que o mundo não pense que o cristianismo é um antro de ignorância. Por outras palavras, querem que a igreja pareça inteligente;

3. Em quase todos se vê um sentimento do tipo: "quando todos os cristãos fizerem isso ou aquilo aí sim a gente vai ser o que a igreja foi feita pra ser"... 

Meu espaço é curto, por isso vou focar nesse último ponto. As questões que me vieram à mente lendo aquilo: é uma expectativa legítima esperar que toda a igreja cristã faça uma mesma coisa ao mesmo tempo? Também: não estamos esquecendo um fator importante nessa equação, o fator Deus?

Confesso que tenho uma questão ainda não totalmente resolvida na cabeça. Nós esperamos a volta de Jesus, que vai colocar fim nos problemas ambientais e de direitos humanos para sempre, correto? Instigado por alguns textos da Bíblia e de autores em quem confio, cheguei à conclusão de que esse evento glorioso depende do que a igreja faz, se ela cumpre ou não sua missão. Mais para frente fiquei confuso ao encontrar textos como Romanos 9:28, "porque o Senhor executará a sua palavra sobre a terra, completando-a e abreviando-a". Enfim, qual é o papel da igreja em cumprir sua missão e qual é o papel de Deus?

Tendo a pensar agora que há um pouco das duas coisas aí. Esperar que todos enxerguem a igreja e sua missão da mesma forma e, mais que isso, estejam engajados e consagrados para cumpri-la, me parece ilusório. Por outro lado, Deus quer que a igreja responda ainda uma ou duas perguntas lançadas por Satanás em sua rebelião, portanto, nós temos, sim, um papel a desempenhar, e conhecer nossa missão é de vital importância. E quando chegar a hora determinada por Ele, quando Ele agir, os poucos de quem Ele precisa vão se manifestar. Não todos, mas alguns poucos.

Minha oração é para que, se isso demorar muito a acontecer, que não seja por culpa minha. Que eu não esteja agravando o quadro de falta de graça e perdão, de intolerância e inatividade que faz impossível as tais perguntas alcançarem sua resposta. E para que eu possa ter a glória de participar do movimento que vai trazer essa última resposta, após o que Deus poderá Se levantar e gritar "basta!"