sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Deus amou o mundo. Não tente fazer o mesmo.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho...” Deus amou o mundo. O mundo inteiro. Com suas imperfeições todas. Com sua multiplicidade interminável. Com seus africanos e seus escandinavos, seus orientais e seus caucasianos; com budistas e cristãos, satanistas, muçulmanos e espíritas; com altos e baixos, ricos e pobres, cultos e incultos. Deus amou o mundo todo. E, embora Ele tenha vivido entre nós e solicitado que O imitássemos em tudo, nesse quesito específico Ele pediu uma outra coisa. Ele não quer que amemos o mundo. Ele quer que amemos o próximo.

Nós temos abusado da palavra amor. Você diz para alguém que o ama, e dez minutos depois diz que ama cocada ou um par de sapatos. Quando Deus diz que amou o mundo Ele está empregando o primeiro sentido da palavra, ou provavelmente bem mais que isso, porque mesmo para pessoas usamos a palavra amor de forma trivial. O amor de Deus não é trivial. É do tipo que renega a tudo o mais em nome do objeto amado. É do tipo que se diminui, se deixa torturar, cuspir, ridicularizar, xingar e matar.

Portanto, o amor segundo Deus não é algo que se possa reduzir a um mero sentimento. O amor segundo Deus não pode ser “platônico”. O amor segundo Deus não é algo abstrato, que pode ser encapsulado na subjetividade do amante, sem reflexo em suas ações, suas prioridades, sua atitude.

Acho que é exatamente por isso que Ele não nos pede para amar o mundo. Ele sabe que isso nos é impossível. Não conseguimos exercitar amor pelo mundo todo, porque somos finitos, somos limitados em tempo e em espaço. Só Deus pode amar o mundo.

O que uma criatura finita que foi muito amada pode, sim, fazer, é amar o próximo. Na verdade, é o que ele deve fazer, é a resposta lógica ao amor recebido. Perguntaram a Jesus quem era o próximo e sua resposta, através da parábola do bom samaritano, foi a mais trivial possível. Próximo, é a conclusão, é quem está próximo. É quem está perto de você. Quem quer que seja. Próximo é qualquer pessoa a quem você possa demonstrar amor. É qualquer pessoa que pode ser atingida pela exteriorização de algo que está dentro de você. É toda pessoa a quem você possa tocar, que possa ser impactada pelo seu sorriso, pela sua atenção. É qualquer pessoa a quem a sua preocupação e sua ação possa beneficiar de fato.

Olhe ao seu redor e imite a Deus.

Feliz sábado, @migos!

Marco Aurelio Brasil, 24/09/10

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um plano

Se você tivesse que eleger a porção de sua vida que, se melhorada, mais impacto teria sobre as outras todas, qual seria? Praticar uma atividade física, ter tempo para ler, estudar mais, ter mais amigos, estabilidade afetiva, relação com pais ou filhos...? Para a grande maioria dos habitantes deste mundo – eu incluído -, contudo, arrisco dizer que a melhor resposta seria oração.

Nós, que cremos, temos, em geral, uma relação ambígua com a oração. Sabemos que é um elemento importante, mas não nos preocupamos em efetivamente melhorá-lo. Se quisermos um abdômen definido, precisamos fazer abdominais e, se quisermos passar em um concurso, precisamos rachar em cima dos livros, mas não nos aplicamos em de fato melhorar nossa vida de oração. Não temos um plano para isso.


Alguns são criados com o costume de orar antes das refeições e antes de dormir, além das orações coletivas nos cultos da igreja, mas a qualidade de todos esses momentos é pífia. São formalidades, atitudes automáticas, palavras repetidas em fórmulas vazias. Essa dinâmica só é quebrada em momentos especiais, pequenas exceções à regra insípida do mero formalismo.


Paulo sugere que coloquemos o tema na ordem do dia. "Orai sem cessar”, diz ele (1Ts 5:17), "com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos" (Ef 6:18). Ele nos desafia a lutar para inverter a lógica da oração como exceção. Orai sem cessar. E, para isso, diz que devemos vigiar e perseverar, porque não há nada que Satanás odeie mais do que pessoas que oram, portanto, vai fazer de tudo para atrapalhar; vai roubar nosso tempo, nos distrair, nos encher de sono, nos fazer sentir que não há ninguém ouvindo ali do outro lado, nos fazer sentir indignos de falar com Deus. Vigiar implica em estar alerta, em começar orando para que Deus o ajude a orar. Perseverar implica em não ter medo de tornar aos mesmos temas repetidas vezes, não desanimar se o horário separado para a oração simplesmente parece não funcionar.


Você pode aspirar a muita coisa na vida, mas pouca coisa é digna disso, amigo. E ter uma vida de oração é uma dessas coisas. Sonhe com isso. Acalente isso. E então, levante-se para buscá-lo. Comece separando um lugar e um horário. No trânsito, quando o semáforo fecha? Ao acordar? Na caminhada para o trabalho? Encontre seu espaço. Não deixe que nada seja mais importante do que isso. Estabeleça seu
momento de oração como prioridade absoluta. Ore a Deus que o ajude a não ter a mente arrebatada por qualquer coisa no caminho. Eleja de antemão sobre o que o sobre quem orará. Pense nas diversas nuances e implicações desse pedido e as nomine todas quando estiver orando. Não se preocupe se no começo sua oração for muito curta, persevere.


Desse momento, tornado hábito, fluirá uma nova relação com Deus. Você se pegará orando fora desse horário também. Você se surpreenderá orando sem cessar. Você se reconhecerá numa relação de intimidade impensável com o Criador. E toda sua vida será impactada por essa relação.