quinta-feira, 28 de maio de 2009

Definições

Qual seria a definição mais completa de fé? Bem, considerando que somos “justificados, pois, mediante a fé” (Romanos 5:1), está aí uma pergunta importante. O que, exatamente, é aquilo que pode nos justificar, nos fazer “ficar justos” perante Deus? Esta semana tropecei em uma passagem que me fez questionar aquela clássica definição encontrada em Hebreus 11:1: “fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem”.

A passagem a que estou me referindo está em Lucas 17:11-19. Narra a cura miraculosa por parte de Jesus de 10 leprosos. Apenas um deles voltou para agradecer Jesus. Note o que Jesus lhe diz: “Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão? Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? Levanta-te e vai; a tua fé te salvou” (vs. 18 e 19).

Veja, se fé é algo associado exclusivamente a coisas que estão no futuro, se ela se limita à convicção de algo que se espera que vá acontecer, como entender que Jesus tenha elogiado a fé de um homem que simplesmente voltou para agradecer e dar glória a Deus? Ele já tinha o milagre concretizado, não esperava nada mais, não precisava exercitar aquela habilidade de simplesmente crer, somente queria agradecer, e a isso Jesus chamou fé; fé capaz de salvar e não apenas curar.

Matutando nisso cheguei a uma conclusão e espero em Deus que ela esteja certa para que eu possa dividi-la com você. Veja, os grandes elementos de nossa relação com Deus não conseguem ser encapsulados plenamente nas palavras de nosso vocabulário humano. Um outro exemplo disso é dizer que a definição de pecado é “transgressão da lei” segundo I João 3:4, quando passagens como Mateus 5:21 a 32 e Romanos 14:23 mostram claramente que essa não é a verdade completa. Assim como pecado é mais que simplesmente a transgressão física de um mandamento, fé é mais do que simplesmente crer que algo é de um jeito que não se pode provar empiricamente. Ambos os conceitos estão aproximados, na verdade, embora como antíteses: pecado tem a ver com separação de Deus, quebra de um relacionamento com Ele e fé tem a ver com o seu oposto, uma relação de confiança e de interatividade. Fé envolve a esperança no futuro, mas também gratidão pulsante pelo que se obtém de bom no presente através dessa relação.

Os grandes elementos de nossa relação com Deus, portanto, são setas que apontam para o fato de que isso – nossa relação com Deus – é o que há de mais importante. Nosso Deus é um Deus de relacionamentos, que ama ouvir o que temos a dizer, ama ver depositado a Seus pés nossas alegrias grandes e pequenas, nossas tristezas, nossas angústias, nossas dúvidas, nossas convicções – tantas vezes erradas – nossas perplexidades e nossas afeições. Não se trata, portanto, de fazer coisas para atrair Seu favor, mas de se relacionar com Ele plenamente.