sexta-feira, 24 de abril de 2015

O jogo dos tronos

É de uma das personagens da série de enorme sucesso Game of Thrones, Cersei Lannister, a frase de onde sai o título da série: "Quando você joga o jogo dos tronos, ou você ganha, ou morre".
Jesus e Satanás jogam, de certo modo, o jogo dos tronos. Satanás quis subir acima das estrelas do Céu (lembrando que as estrelas são uma figura para anjos na simbologia bíblica), colocar seu trono nas extremidades do norte e assim ser "semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14).
Jesus, jogando o jogo dos tronos, "abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano,ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz" (Filipenses 2:7 e 8).
A lógica de Cersei Lannister parece funcionar até certo ponto na verdadeira batalha pelo trono que está acontecendo agora. Jesus de fato morreu. Mas Satanás não ganhou. Ao contrário, graças à atitude de Jesus, tão diferente da de seu oponente,  "por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu, na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos" (Filipenses 2:9 e 10).
Uau.
Por outras palavras, esvaziar-se e morrer foi o caminho percorrido por aquele que se assentará no trono que jamais passará.
E, se você considera que aí, do lado esquerdo de seu peito, há um trono, e que esses dois paradigmas (inflar-me  x esvaziar-me) estão disputando para assentar-se nele, saiba de uma coisa, amigo: quando se joga o jogo dos tronos, ou você escolhe o lado certo ou você morre. 
Não dá pra ficar em cima do muro.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Um conto chinês

"Um primo distante quebrou a perna num acidente de carro", me contou minha colega de trabalho de ascendência chinesa; "como sempre acontece na China, ele só foi atendido depois que depositou uma pequena fortuna. Lá os médicos não prestam qualquer satisfação ao paciente e à família e se você não paga antes de ser atendido, eles simplesmente deixam você morrer ali. Então não foi novidade quando, no dia seguinte, ligaram para a família dizendo que precisavam de mais dinheiro porque haviam detectado uma úlcera gástrica nele. A família fez um enorme esforço e conseguiu o dinheiro. Dias depois, sem ter nenhum contato com o rapaz, ligaram pedindo mais dinheiro, sem explicar porque. A família foi até o hospital buscar o paciente da perna quebrada e o encontrou com a cabeça toda enfaixada. Até hoje não sabem bem porque, mas aparentemente a úlcera gástrica encorajou um médico residente a realizar uma cirurgia cerebral. Se eles não pagarem, vão presos. Graças à intervenção de outra parente, que é casada com o filho de um prefeito de uma cidade próxima e, portanto, filiada ao Partido Comunista, o diretor do hospital admitiu que aconteceu um 'pequeno erro' do residente e foi magnânimo o suficiente para oferecer um desconto. Detalhe: meu primo terá sequelas para o resto da vida".

Vendo minha expressão de pasmo, ela acrescentou: "Coisas assim acontecem o tempo todo na China", e passou a me mostrar na Internet fotos e histórias de crianças que vendem abraços para conseguir dinheiro para pagar tratamentos bastante simples. Mostrou um homem que se fantasia de cavalo e se oferece para levar qualquer pessoa nas costas, de quatro, em troca do equivalente a R$ 2,00, na esperança de juntar dinheiro o suficiente para conseguir custear o tratamento de seu filho. Outras histórias de pessoas com nível superior de educação
que acabam na mendicância para conseguir cuidar de algum familiar, enquanto o governo do país admite haver mais de cem cidades com índice de incidência de câncer muito acima da média mundial, o que significa que para oferecer esse tênis e esse celular baratinhos que você tem aí, milhões de trabalhadores lá estão sendo expostos a condições de trabalho absolutamente insalubres. O meio ambiente então, possivelmente jamais se recupere, como um preço que alguns reputam barato pelo crescimento de 7 a 10% ao ano.

O ser humano - a classe à qual pertenço [coisa que admito não sem grande vergonha] - é capaz de muitas bizarrices. É capaz de enaltecer valores cruéis que deixam claro que a ordem do dia é o egoísmo. 

Falando de nosso contexto ocidental, é difícil afirmar o que seria de nossa sociedade corrupta não fosse a ética cristã que lhe serviu de base, mas o fato é que, à medida em que ela perde força e à medida em que cristãos com altíssima quilometragem de sermões assistidos se mostram absolutamente incapazes de perdoar seus semelhantes e de sentir compaixão pelos que sofrem, não dá para ficar muito otimista quanto ao mundo em que nossos filhos crescerão.

A pensar nisso tudo, minha oração é para que a proximidade com Deus que cada ser humano que lê esses linhas desenvolve o torne cada vez mais incapaz de bizarrices egoístas. E, claro, "ora vem, Senhor Jesus".

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ananias, Safira e eu

Quando você lê o relato de como era a vida da recém nascida igreja cristã, nos primeiros capítulos de Atos, tem a impressão de que tudo era cor-de-rosa, harmônico e feliz. Mas aí aparece a estranha história de Ananias e Safira, ali no capítulo 5. É praticamente um balde de água fria no entusiasmo meio comunista que imperava.

Comunista porque virou moda, na empolgação da fé, as pessoas venderem suas propriedades e dividirem todo aquele dinheiro entre os pobres através dos líderes da igreja. Ananias e Safira não queria ficar de fora. Venderam uma propriedade e trouxeram o dinheiro para a igreja. Só que não trouxeram tudo, embora dissessem que estavam fazendo isso. Alertado pelo Espírito Santo, Pedro disse a Ananias: "Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus" (v. 3 e 4). 

Você sabe o final dessa história. Ananias caiu morto ali mesmo. Mais tarde chegou Safira, sem saber de nada do que havia acontecido, e a cena se repetiu, ela caiu fulminada da mesma forma que o marido. O resultado foi este: "Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas" (v. 11). É óbvio que ninguém era obrigado a vender nada, e, vendendo, ninguém era obrigado a dar nada para a igreja. O problema com Ananias e Safira foi terem arrotado uma "santidade" mentirosa.

A história de Ananias e Safira deveria me ensinar ao menos cinco coisas:

1. Deus é santo.

2. As promessas que faço perante Deus devem ser cumpridas, não importa o preço.

3. Deus odeia a mentira.

4. Uma mentira que Deus odeia particularmente mais é aquela que tem o objetivo de nos fazer parecer mais santos do que somos.

5. Onde Deus Se revela de forma mais espetacular, os níveis de tolerância com fraturas de caráter são automática e proporcionalmente mais baixos.

Provavelmente hoje você e eu não seremos fulminados pelas mentiras que contamos aos outros para parecer mais santos, mas a verdade é que, da perspectiva de Deus, tanto faz se isso acontecer agora ou naquele último dia. Tanto faz.

Que o Senhor nos faça íntegros enquanto é tempo!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Vida com V maiúsculo

Esta semana compartilhei em minha página no Facebook (Instantâneos do Reino) um interessante vídeo do Rabino Manis Friedman explicando porque os judeus continuam existindo, apesar de não serem numerosos, nem fortes e de terem sido tão perseguidos ao longo da História. Nações muito mais fortes existiram e se foram. Por que eles continuam existindo?
 A explicação do rabino é a seguinte: "quando as pessoas têm uma Vida, algo pelo qual estariam dispostas a morrer, sua existência tem propósito. Mas se você existe mas não tem uma Vida, então sua existência é muito mais fraca e mais vulnerável". As nações mais fortes e ricas que desapareceram, tudo o que elas queriam era continuar existindo. Construíram cidades grandes e com muros fortes para se defender, anexaram terras dos outros para ter o que comer... E, no entanto, desapareceram.

 O povo judeu, contudo, quando surgiu como um povo, ouviu de Moisés "vocês não vão ter uma vida confortável. Vão ser espalhados pelo mundo, perseguidos, nunca estarão seguros". Portanto, não se preocupem com sua existência. Se ocupem de sua Vida. "Se você está ocupado com o propósito da Vida, a existência cuida de si mesma".
 Para que a Vida tenha primazia sobre a sobrevivência, existe o remédio do sábado. Friedman observa que Deus pediu para não produzir nada um dia a cada sete. Quando você se conforma em não procurar fazer sua vida mais confortável nesse dia, você está gritando: a Vida é maior que a existência! O propósito é muito maior do que a mera sobrevivência, do que o conforto passageiro. As coisas que você não estudou continuam sem ser estudadas nesse dia. Os programas que você não viu, as compras que não fez, os trabalhos que não terminou... tudo continua como está, para mostrar que a Vida é maior e mil vezes mais urgente que a existência!
 Como escreveu Rob Bell, um pastor não adventista que, no entanto, desliga o celular aos sábados e não aceita marcar nenhuma reunião nesse dia: "O sábado é ter um dia na semana para me lembrar de que eu não fiz o mundo e de que ele vai continuar a existir sem meus esforços. O sábado é um dia em que meu trabalho está consumado, mesmo se não estiver de fato. O sábado é um dia em que meu trabalho é aproveitar e ponto final. O sábado é um dia em que estou plenamente disponível para mim mesmo e para aqueles que mais amo. O sábado é um dia em que me lembro de que, quando Deus fez o mundo, Ele viu que era bom."
Em Sua sabedoria, o Criador nos pediu que semanalmente nos forçássemos a recordar que o mundo não gira ao nosso redor. 
Hoje comemoramos o dia em que Ele morreu para que tivéssemos Vida. Vida eterna. Vida em abundância. 
Só posso, portanto, concluir com as palavras do rabino Friedman: "Não se torne um escravo de sua existência. Dê a sua existência uma Vida".