sexta-feira, 16 de abril de 2010

Aquilo que votei, pagarei

Dá para medir o quanto nossa geração está distante do ideal de vida traçado e vivido por Jesus Cristo ao olhar a forma como tratamos os compromissos que assumimos. A coisa que Ele mais odiava era hipocrisia, ou seja, o descompasso entre discurso e prática e nós vivemos no tempo em que o discurso pouco importa. Todo discurso é
politicamente correto, quase nenhuma atitude o é. Todo contrato tem suas válvulas de escape, nossas promessas só valem enquanto elas nos forem convenientes, nossos votos eternos são tão eternos quanto a atração física que os motivou...

Há uma ilustração dramática da forma como Deus encara compromissos na relação dos hebreus com os gibeonitas. Os primeiros haviam sido libertados por Deus, com Moisés como lider, do cativeiro no Egito e conduzidos durante 40 anos pelo deserto para então tomarem posse da terra de Canaã. Deus havia dado cerca de 400 anos de oportunidade para os povos que lá habitavam, seu prazo havia chegado ao fim, então a
ordem expressa aos hebreus era: eliminem esses povos, não façam alianças, não escravizem, não contemporizem com nenhum deles.

Bem, depois da vitória hebréia sobre Jericó e Ai, os gibeonitas armaram um estratagema ardiloso. Alguns deles vestiram roupas rasgadas, pegaram uns pães mofados e se aproximaram dos hebreus com cara de quem estava viajando há meses. Contaram uma ladainha sobre viverem numa terra muito, muito distante ("veja os pães que trouxemos da nossa terra, já estragaram, tão longa é a viagem...") e propuseram
uma aliança com os hebreus, que, contra as ordens divinas expressas, aceitaram.

Logo em seguida, os hebreus têm de guerrear contra um consórcio de povos cananitas para defender os gibeonitas, um povo que eles deveriam ter eliminado. Mas o que Deus achava dessa história? Bem, muitas décadas no futuro, quando Davi era o rei dos hebreus, uma grande fome, de três anos, assolou a terra. Através dos profetas ele foi informado: isso aconteceu porque o rei anterior, Saul, havia matado gibeonitas.
Ora, apesar da aliança com Gibeão ter sido contrária à ordem de Deus, o tipo de atitude que Ele esperava do Seu povo era a obediência estrita ao compromisso assumido.

Esse Deus não mudou. A aliança que Ele fez conosco é para valer, não tem cláusulas escondidas para livrá-lO de Suas obrigações e Ele continua esperando que nossos compromissos assumidos com Ele e com os outros sejam honrados sem atenuantes, condicionantes ou subterfúgios.