Nós todos repetimos felizes,
como um mantra, que “O Senhor é o meu
pastor e nada me faltará”, mas a força total desse texto só é entendida
quando se está a ponto de sentir a falta de algo, quando alguma coisa essencial
ameaça faltar.
É nesse momento que trazer à memória
a existência de um Deus que ama e que age, com o mesmo zelo que um pastor em
relação a suas ovelhas, tem um efeito terapêutico incomparável. Nós descansamos
antes mesmo de ver chegar aquilo que está por faltar. Sem a confiança em Deus
nos resta a ansiedade e talvez não haja nada mais oposto à “vida em abundância”
sobre que falou Jesus do que a ansiedade. Quem vive ansioso não vive
abundantemente. Sobrevive, apenas, e consumido pelo medo.
Mas Jesus um dia disse que
são felizes os que têm fome e sede de justiça. Ele disse que é bom ter ansiedade por justiça neste mundo
injusto. Quando Ele estava soterrado pelos pecados de toda uma raça, sofrendo a
humilhação, a dor e a angústia de Se ver separado do Pai naquela cruz, Jesus
soltou o maior dos brados por justiça de que se tem notícia: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” Ele morreu sem resposta. Ora, o servo não é maior que seu
mestre, logo, podemos esperar por momentos em que parece que Deus nos abandonou;
momentos em que clamaremos e a resposta será um retumbante silêncio.
Enquanto estivermos deste
lado da eternidade, nossa vida e nossa luta serão um pêndulo entre o “nada me faltará” e o “por que me abandonaste?”. É claro que
há uma outra alternativa: a indiferença, a sonolência, a distração. Essa
terceira alternativa parece bem melhor do que o “por que me abandonaste”, mas
não se engane: não é. Não desejo isso para absolutamente ninguém. É melhor
alguém sentindo-se desamparado e clamando ao Deus que aparentemente Se esqueceu
do que vivendo como se Ele fosse parte da paisagem, sem maior atenção. Estamos
salvos quando sentimos falta de algo (para dar valor ao “nada me faltará” ou
para clamar pela presença de Deus).
Portanto, que algumas coisas
lhe faltem, @migo, para que você viva e conheça uma profunda intimidade com o
Pastor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário