sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O modelo (parte 11)


Mas livra-nos do mal
Mateus 6:13

Definitivamente, por mais que isso violente os axiomas tidos por razoáveis e verossímeis pela racionalidade de nosso tempo, o mal existe. Ele é nominado por Jesus, considerado uma realidade suficientemente relevante para ser incluída na oração modelo. Depois de se preocupar com a entrega dos próprios caminhos nas mãos de Deus, com o sustento diário e com o perdão - essencial à nossa saúde emocional e até mesmo física, Jesus nos orienta a terminar nossos contatos com o Pai suplicando força para vencer a tentação e libertação do mal.
Pela colocação da frase (“não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal”) podemos ver esse “mal” como algo além dos perigos físicos que nos cirandam todo dia, envolve a tentação também. Assim, a súplica por livramento do mal envolve suas facetas mais materiais e também as espirituais.

Mas por que eu preciso pedir ao meu Pai, que me ama, que me proteja? Não é desnecessário? Talvez a utilidade disso não esteja em alcançar aquilo que estamos pedindo, já que o teríamos mesmo sem pedir, mas a importância de repetirmos esse pedido dia após dia reside no fato de que isso nos ajuda a lembrar que estamos sujeitos ao mal, seja ele físico ou espiritual.

Um mês antes de eu escrever este texto meu sogro caminhava pela calçada próxima a sua casa. Queria perder umas últimas gramas para estar o mais esbelto possível no casamento de sua filha do meio, no dia seguinte. De repente ele se viu no chão, esvaindo em sangue, sem saber exatamente o que havia acontecido. Um garoto dirigindo perigosamente o atropelou sobre a calçada, fugindo em seguida. Ele está fora de perigo hoje, mas a cada mínimo movimento de sua perna ou de seu braço fraturados uma dor lancinante injeta nele a dolorosa consciência da vulnerabilidade.

Para não precisarmos depender de chacoalhões trágicos como esse para só então volvermos o rosto para cima e zelar pelo relacionamento com o Pai é que nos é útil repetir a cada dia, várias vezes ao dia, a súplica que serve como um auto-lembrete de que estamos todos constantemente sujeitos ao mal. O lembrete de que o mal é maior que nós e de que todos os nossos planos, projetos, estratégias e aspirações são pó e a isso podem ser reduzidos por um instante em que as coisas fogem ao controle.

A tentação de esquecer isto é enorme, porque todos os dias abrimos os olhos e estamos vivos, o sangue percorrendo as veias, as coisas em seus devidos lugares. 

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