sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ok, eu confesso: eu creio

Quando eu era moleque, todo mundo se vestia meio igual. Havia cinco ou seis canais de TV, então todo mundo assistia a mesma coisa. Meus amigos todos só conheciam os livros da série Vaga Lume, então todo mundo lia a mesma coisa. Havia muita diferença, é verdade. Mas não tanta. E, enquanto a diversidade se multiplica como gremlins na água (metáfora só alcançável por maiores de 40, so sorry), a intolerância parece tentar acompanhar o ritmo.

Cada vez mais, portanto, somos forçados a conviver com o diferente. Os comunas com os coxinhas, os defensores da família com os pan-sexuais, os pré-lapsarianos com os pós-lapsarianos, os manguaceiros com os abstêmios, churrasqueiros com veganos. A lista não conhece fim. 

Aqui neste espaço tenho defendido a necessidade de os cristãos exercitarem tolerância e mais do que respeito com o diferente: amor. Contudo, a tolerância tem apresentado um dilema novo: posso ser tolerante e ter convicções ao mesmo tempo? 

Sim, porque o mundo aí ao redor desconfia, teme e em alguns casos hostiliza os convictos. E, no entanto, a mensagem bíblica se autointitula "verdade". Ou melhor, "Verdade", um absoluto retórico.

Mais que isso, a mensagem bíblica fala: vai lá e conta a verdade para todo mundo, para toda nação, tribo, língua e povo.

Outro dia li isso aqui no livro do Bill Hull (Christlike): "Houve um tempo em que tolerância significava que as pessoas iam respeitar as diferenças sem acusações e sem rotular as pessoas. Um cristão e um judeu podiam discordar sobre o Messias, mas respeitavam suas diferenças teológicas e tinham apreço um pelo outro. Agora não é mais assim. Mais e mais as pessoas acreditam que discordar é desrespeitar... Nossa cultura atual ataca selvagemente a antiga doutrina cristã pela qual Jesus é o único caminho para a salvação. Evangélicos estão abandonado o exclusivismo da mensagem cristã em massa; coisas como ... a proclamação absoluta de que as Escrituras são a Palavra de Deus estão sendo descartadas ou jogadas para a prateleira de trás, fora de vista, para não ofender ninguém". Ele dizia isso quando mencionava que os cristãos estão confusos, não sabem mais no que creem e um dos fatores é essa vergonha da convicção.

Chegará um tempo em que as pessoas terão o que o Apocalipse chama de selo de Deus na testa, ou a marca da besta. A marca da besta pode ser na testa ou na mão direita. Teólogos têm interpretado isso como sendo uma indicação de que a marca da besta pode tanto ser um posicionamento ideológico no qual a pessoa realmente acredita (testa) ou um comportamento mimetizado só para não criar complicações ou para escapar das consequências ruins de não agir da forma como todos estão agindo (mão). O selo de Deus, contudo, só é da modalidade "convicção intelectual integral". E é justamente porque vivemos num tempo em que essa atitude está cada vez mais impopular que acredito que esse tempo está chegando, e está chegando rápido.

Precisamos aumentar nosso nível de tolerância ao mesmo tempo em que aumentamos nosso convencimento interno da verdade. 

Cristo é o único nome pelo qual somos salvos. Deixar de transmitir isso com amor não é fazer o bem a ninguém. É esconder o resultado do exame do doente para não chateá-lo.

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