sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Hamã o m1to e euzinho

Estudando a história de Ester esses dias, tive a minha atenção chamada para a curiosa reação de Hamã quando o rei pergunta para ele como ele poderia honrar alguém a quem o rei queria homenagear.
 Contextualizando: estamos no auge da hegemonia persa sobre a mesopotâmia e além. O rei é Assuero, que os eruditos especulam que possa ser o Xerxes I dos livros de história e do filme 300 de Esparta. Hamã é um tipo de primeiro ministro, um sujeito tão destacado que as pessoas se ajoelham perante ele como se ele fosse um rei. Sabemos disso porque toda a história orbita em torno do ódio que ele tem pelo tio de Ester, Mordecai, que, talvez por razões religiosas, se recusa a se ajoelhar perante o grande Hamã.

 Quando o rei lhe pergunta o que ele faria para homenagear muito um cara, Hamã pensa: ele só pode estar falando de mim!
 É esse o tipo de reação que surge naturalmente na cabeça da pessoa acostumada a ter o respeito e a veneração de todos.
 O que me lembrou o dia e que estava no forum de Santo Amaro, aqui em São Paulo, esperando minha audiência começar e de repente vejo Rogério Ceni, o m1to, a alguns metros de mim. Toda a boa emoção que, como sãopaulino que sou, deveria estar grassando absoluta naquele momento foi mesclada por outro sentimento. Logo entendi que ele estava ali para a audiência do processo que havia movido contra uma repórter que ousara lhe fazer uma crítica a respeito de algo que ele supostamente teria feito para conseguir um aumento no SPFC. Como ela não tinha provas, foi arrastada aos tribunais, provavelmente perdeu a ação e tanto é que nunca mais ouvi falar dela.
 O cara que alcança um sucesso estrondoso como ele acaba reagindo com virulência contra qualquer contrariedade. Aquele dia no forum foi apenas a confirmação da opinião meio generalizada de que Ceni é muito soberbo.
 Ninguém se curva para mim ou me chama de mito, mas, guardadas as devidas proporções, corro o risco sério de processar errado o sucesso. Quando acerto, quando alguém reconhece que acertei, posso e devo festejar. O que não posso é acreditar que isso me joga para um nível superior aos que não fizeram o mesmo gol que eu e que daqui para frente eu devo ser tratado com prerrogativas. Assim, por longe que esteja de Hamãs e Cenis, estou em constante tentação de me igualar a eles no que têm de mais dessemelhante com o espírito de Jesus Cristo.
Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo (Filipenses 2:3).

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