sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O sábio e o esperto

Costumamos dizer que Salomão foi o homem mais sábio que já existiu. Bem, o tal “homem mais sábio que já existiu” realmente conhecia muito de botânica, biologia e astronomia, conseguia decifrar enigmas complicados e tinha habilidade em julgamentos para desmascarar a mentira – como vimos no caso das duas mulheres que disputavam a maternidade de um bebê - mas isso tudo é sabedoria?

Quando Deus lhe perguntou o que ele queria ganhar, Salomão pediu “um coração cheio de discernimento para governar o teu povo e capaz de distinguir entre o bem e o mal” (I Reis 3:9). Por outras palavras, Salomão pediu para ser esperto, e não apenas um jovem inexperiente. A resposta de Deus foi: “eu lhe darei um coração sábio e capaz de discernir” (verso 12). Deus acrescentou não apenas riquezas e poder ao pedido de Salomão, mas sabedoria propriamente dita.

O que ele fez com ela, contudo? Depois que Salomão construiu o templo, I Reis 9 diz que Deus lhe apareceu e lembrou que a promessa de proteção e cuidado sobre ele e seus descendentes dependia da obediência dele aos estatutos divinos. Falta de aviso, portanto, não foi, porque dois capítulos adiante somos informados que Salomão tomou 700 mulheres e 300 concubinas; “elas eram das nações a respeito das quais o Senhor tinha dito aos israelitas ‘vocês não poderão tomar mulheres dentre essas nações...” “À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus.” (11:2 e 4).

Casar-se com princesas era uma ótima forma de garantir a paz entre as nações, e permitir que essas princesas conservassem sua cultura era certamente a forma mais fácil de mantê-las satisfeitas. Isso era mera esperteza, não era sabedoria. Afinal de contas, o “homem mais sábio que já existiu” escreveu que “o temor do Senhor é o princípio do conhecimento” (Provérbios 1:7). O discernimento sem temor do Senhor é mera esperteza. Salomão só foi sábio enquanto ouviu mais aos conselhos divinos do que às conveniências políticas.

É difícil reconhecer a verdadeira sabedoria entre seus genéricos disfarçados. Como saber o que é sabedoria, de fato, e o que é mera esperteza? Bem, Paulo dá uma ótima dica: “Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” (II Timóteo 3:15).

Sabedoria de fato é aquela que opera a salvação, e o princípio dela é o temor do Senhor. O resto engana bem, mas não é sabedoria.

Feliz sábado, @migos!

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