sexta-feira, 3 de junho de 2016

Minha ambição

Aos pés do Sinai, Deus pede a Moisés que realize um censo do recém liberto do cativeiro no Egito povo de Israel. O resultado é de 603.550 homens de 20 anos para cima (Números 1:46). Depois disso, o povo sai daquele deserto e começa uma história triste e longa.

Eles resmungam por carne, Deus manda uma nuvem de codornizes, mas manda também uma "praga mui grande" e morre "muita gente" (Num 11:33). Na sequência, vão doze homens espionar Canaã e na volta dez deles fazem aquele relatório negativo, enaltecendo os gigantes e as cidades fortificadas e a aparente incapacidade de Israel guerrear com eles. O povo que tinha passado pelo mar Vermelho e visto o que acontecera ao exército que o perseguia simplesmente decide voltar para o Egito! Então Deus diz que aquela geração inteira vai morrer no deserto (Num 13 e 14), à exceção dos únicos dois dos doze que deram um relatório positivo, Josué e Calebe.

Segue-se uma guerra que Israel perde (14:39 em diante), a rebelião de Corá, Datã e Abirão, onde morreram cerca de 15.000 homens (Num 16). Nova murmuração pela dureza do caminho e pelo "miserável pão" (o maná) faz Deus tirar a proteção sobrenatural que os acompanhava por um tempo e o arraial se enche de serpentes "e morreu muita gente em Israel" (Num 21:6). Depois eles participam de algumas guerras e agora estão chegando às portas de Canaã. Estavam tão pertinho que começaram a se envolver com as mulheres de lá, no que parecia ser uma estratégia deliberada dos moabitas e midianitas para não serem destruídos por Israel. Mandaram as mulheres seduzirem os israelitas e mostrarem seus rituais pagãos tão mas interessantes que o ritual austero do santuário. A praga que se seguiu matou nada menos que 24.000 (Num 25:9).

Tudo isso aconteceu e agora Israel está "à altura de Jericó", só que do outro lado do Jordão (26:3), ou seja, estão prontos para finalmente invadir Canaã, 40 anos depois do êxodo. Ali Deus pede um novo censo. Toda uma geração havia morrido, passado por aquelas guerras todas e pragas e ainda assim o resultado do censo foi de 601.730 (26:51), ou seja, apenas 1.820 homens a menos.

Que chances haveria de um povo desse tamanho permanecer unido em uma situação inóspita e sofrer uma alteração tão estatisticamente irrelevante como essa se Deus não estivesse na equação?

Mas mais do que essa reflexão a respeito dos homens a menos, me impressiona a reflexão a respeito dos homens que continuavam. De todos que estavam no primeiro censo, só restaram Moisés, Josué, Calebe e Eleazar, o filho de Arão. Quatro homens, de toda aquela geração de mais de 603 mil. O Senhor conhece os seus (II Timóteo 2:19).

Confesso aqui minha ambição: quero ser dEle. Quero passar pelas guerras e pelos desertos sem murmurar. Quero conhecê-lO a tal ponto que nem me ocorra outra reação qualquer.

E quero companhia. A sua.

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