sexta-feira, 6 de maio de 2016

Aliança

Você podia deixar de gostar de uma comida, podia ficar de mau com um cara que até então tinha sido seu melhor amigo, podia até mudar de time. Só havia uma volubilidade que você nunca, jamais, em hipótese alguma podia fazer. Só uma que fazia com que todos ao redor passassem a ter uma ideia amplamente desfavorável quanto ao seu caráter: romper uma aliança no War.

Juntamente com o Banco Imobiliário, War era o grande passatempo das tardes de chuva das férias. Você sabe, seus exércitos estão espalhados por um mapa múndi simplificado e você recebe um objetivo. "Destruir todos os exércitos azuis ou conquistar 24 territórios à sua escolha". "Reunir 50 exércitos no Oriente Médio". "Conquistar a Europa, a África e a Oceania". E, para alcançar seus objetivos, às vezes você fazia uma aliança, um tratado de não-agressão com um oponente. Essa aliança era sagrada. Se você tinha alguma intenção de atacar aquele jogador, devia negociar uma aliança por "x" rodadas, não podia jamais fazer uma aliança por tempo indeterminado e lá pelas tantas atacar o seu antigo aliado. 

(Pensando bem, levávamos as alianças no War mais a sério do que muitas pessoas levam a aliança do casamento, feita perante testemunhas e Deus, com uma roupa especial, etc..)

Conforme aprendi esta semana ouvindo ao pastor Felipe Tonasso, a palavra aliança no hebraico tem o significado de "estar acorrentado" a uma promessa. É um voto solene, algo que não pode ser quebrado. Algo mais parecido com as alianças infantis no War e menos com nossas sociedades adultas.
Deus fez uma aliança com Noé. A repetiu com alguns acréscimos a Abraão. A repetiu de forma diferente com Moisés. E estabeleceu uma "nova aliança" ou um "novo testamento" em Jesus Cristo. Tomando esse voto pelo Seu próprio nome santo, Deus está acorrentado à promessa. Nada que eu faça ou deixe de fazer O demove dela. 

Isso significa que, para eu não gozar das promessas associadas a essa aliança (coisas como eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos, ou sereis salvos, ou temos paz com Deus, ou ...e Eu vos aliviarei, ou vida em abundância paz que excede todo entendimento...) é necessário uma atitude de rejeição deliberada da aliança. É preciso, como Tonasso disse, seja com palavras, seja com a vida que escolhi levar, olhar nos olhos de Jesus Cristo e dizer eu te rejeito.

O incrível disso tudo é que eu entendo bem porque eu fazia alianças no War. Eu fazia alianças com iguais. Não me ocorria fazer uma aliança com alguém perdendo o jogo, quase a ponto de sumir do mapa. Deus, contudo, Se acorrentou deliberadamente com alguém que nada tem a oferecer. Ele nada lucra nessa aliança! Nada. 

É incrível, é comovente, é constrangedor. Mas então, o que falta para eu levar a sério o meu aliado?

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