sexta-feira, 13 de maio de 2016

Sob nova direção

Quando as coisas vão mal, a simples mudança na gerência do empreendimento é um sopro de esperança. Quantos times desacreditados não se tornaram campeões após uma mudança de técnico? 

Quando as coisas vão mal, a simples consciência de que a gestão passará a ser conduzida por alguém com outro discurso e a simples possibilidade de que essa gestão seja orientada por outra gama de valores pode ser uma luz no final do túnel.



Lembro de um comercial de TV que, salvo engano, foi exibido numa única oportunidade e, se lembro bem, foi no dia em que foi anunciada a eleição de Collor para Presidente. O comercial, patrocinado por um Banco, exibia cenas aéreas do Brasil até chegar no Palácio da Alvorada, em Brasília, enquanto Herbert Vianna lia com muita emoção um poema chamado "Santa Clara, clareai" (que agora São Google me informa ser "A oração para aviadores", de Manuel Bandeira). Era a esperança depois de uma noite longa. Era uma chance de acertar.

Se minha memória não me trai, isso aconteceu há 26 anos, e no entanto eu ainda lembro do gosto da esperança. Gosto que senti algumas vezes mais e que depois invariavelmente se fez amargo. Ainda assim, é muito bom senti-lo de novo.

Isso me remete ao dia em que senti um gosto novo em minha existência particular. Deve ter acontecido por volta de 1993, quando já era sabido que Santa Clara não havia feito um bom trabalho e Collor já ia defenestrado do Planalto. Eu tinha 20 anos e constatei estupefato que eu estava sob nova direção. Minha escala de valores havia sofrido uma revolução, minhas prioridades e afetos tinham virado de cabeça para baixo. O estudo da Bíblia, a constatação da atuação divina em minha vida e a interação com amigos muito especiais produzira aquela metamorfose. 23 anos mais tarde, o noticiário político do Brasil me conduz à frente do meu espelho para perguntar: "Continuo fiel a essa mudança doce, dulcíssima de direção?"

Estar sob nova direção é um imperativo. Quem está em Cristo, nova criatura é (II Coríntios 5:17). Nas palavras do saudoso Morris Venden, "conquanto possamos não saber precisar o dia e o lugar em que nos convertemos, todos podemos dizer se o fomos ou não". Me preocupo quando escuto de cristãos que nunca tiveram uma experiência assim. "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (João 3:3). É necessário. É mandatório.

Morris Venden continua: "E conquanto não possamos operar por nós mesmos a nossa conversão, podemos pavimentar o caminho pelo qual isso se fará possível".

Se você não sabe o que é estar sob nova direção, saiba, meu amigo, que essa é a experiência a ser buscada com maior urgência e com maior afinco. É essa a emergência que todas as luzes piscantes ao seu redor indicam. Se colocar no ambiente em que isso acontece, passar a alimentar deliberadamente os pensamentos que se harmonizam com essa mudança de paradigmas, conhecer e prosseguir em conhecer a Bíblia e o Deus dela, isso é a prioridade de sua vida. Porque uma vida que não desemboca no "reino de Deus" é uma tragédia, é entornar ao chão o preciosíssimo sangue de Cristo, o único capaz de, esse sim, entregar um futuro idílico e à prova de amarguras.

E se você conhece a experiência, junte-se a mim nesse balanço. Aproveite a violenta mudança de direção sobre a qual os jornais não param de falar para avaliar se os princípios que o norteiam hoje estão alinhados aos que você recebeu naquele dia glorioso. Porque uma mudança de direção só é efetiva se você se mantém andando na nova direção.

Que possamos todos estar sob nova direção, e na direção certa.

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