sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A pergunta que realmente importa

"Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céus e a Terra" (Salmo 121:1 e 2). São palavras muito bonitinhas. Mas quando você olha para todos os lados e não há saída, quando você não tem para onde correr e se pega olhando para as montanhas distantes por absoluta falta de alternativa, elas se tornam reais para você.

"O Senhor é meu pastor, e nada me faltará" (Samo 23:1). A gente repete à exaustão (porque é bonitinho), mas quando tudo ameaça faltar, quando a conta não tem saldo, quando o armário não tem mais comida ou quando a conta do hospital está queimando sobre a mesa, isso se torna a tábua de salvação.

"Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim" (Salmo 40:17). A gente sublinha isso na Bíblia quando lê pela primeira vez, porque é comovente a confiança do salmista, mas quando a gente se vê pobre e necessitado, não é a construção de palavras ou a experiência do outro que nos comove mais. É o espelho de nosso sentimento, e a vontade de ter uma confiança igual.

"Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido" (Salmo 91:7). A gente repete esse verso desde pequeno como um mantra de pensamento positivo, mas quando você sente o tremor da bomba no chão ao seu lado, a fumaça arde nos seus olhos e os estilhaços perfuram sua pele, o que era um mantra se torna um clamor. E passa a ser seu de verdade.

E é precisamente nesses momentos, quando a confiança é requerida como uma experiência particular sua, e não a mera aquiescência intelectual pela vivência dos outros, que você cogita a hipótese de o pior acontecer. De o socorro não vir, de algo faltar, de o Senhor não cuidar de você, de você ser atingido. É nesses momentos que você se lembra das palavras de Jó (que foi atingido, que sentiu a falta e que foi esmagado pelo silêncio de Deus): "ainda que Ele me mate, nEle esperarei" (Jó 13:15).

É quando as promessas se tornam reais para você que os tambores estão rufando e a pergunta que realmente importa está sendo feita: para onde ele está olhando? Continuam seus olhos fixos em Deus, apesar dos pesares?

Eis, senhores, a pergunta de um milhão de dólares. Ou, melhor, a pergunta de uma eternidade.

2 comentários:

Sady Folch disse...

Excelente texto, Marco Aurélio. Meditação que de fato edifica os que nele esperam, proporcionando-lhes crescimento espiritual.
Uma pergunta: Se ainda diante dessas dificuldades esperamos nele, o é motivado por uma questão de fé ou por que o conhecemos em ocasiões anteriores?

Marco Aurelio Brasil disse...

Sady, tenho pra mim que a fé, como os músculos, não cresce da noite para o dia. E a fé, como os músculos, começa se exercitando com pesos pequenos para depois carregar os maiores. Num dia você se pega confiando que o ônibus vai passar a tempo e, mais adiante, confia que Ele está conduzindo as coisas mesmo a despeito de um câncer ou de uma bancarrota. O que acha?