Hoje vou convidar você a repensar uns conceitos já
bem enraizados.
Se você é cristão,
decerto está familiarizado com textos da Bíblia como “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: se um grão de trigo não for
jogado na terra e não morrer, ele continuará a ser apenas um grão. Mas, se
morrer, dará muito trigo. Quem ama a sua vida não terá a vida verdadeira; mas
quem não se apega à sua vida, neste mundo, ganhará para sempre a vida
verdadeira” (João 12:24 e 25). Ou “para
Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas
nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo” (Tiago
1:27), ou “porém vocês, irmãos, foram
chamados para serem livres. Mas não deixem que essa liberdade se torne uma
desculpa para permitir que a natureza humana domine vocês. Pelo contrário, que
o amor faça com que vocês sirvam uns aos outros” (Gálatas 5:13).
São exemplos pinçados a esmo, mas
nos quais se pode ver um certo padrão, concorda? Uma dinâmica centrífuga (do
centro pra fora, sendo que o centro, no caso, sou eu, é você). Jesus convida a
vir e morrer, Tiago pergunta de que serve a religião se as viúvas e os órfãos continuam
na miséria e Paulo argumenta que nossa liberdade, temperada com amor, nos lança
ao serviço de outros.
A provocação que trago para você
hoje tem a ver com a visão que você faz das coisas boas que Deus colocou no seu
caminho. Bíblia, igreja, sábado. Esse tipo de coisas. Por que você gosta dessas
coisas?
As respostas mais comuns têm sido:
gosto da Bíblia porque ela me ajuda a aproximar de Deus e me dá paz. Gosto da
igreja porque nela eu aprendo sobre Deus. Gosto do sábado porque ele recarrega
minhas baterias espirituais.
Notou quantas vezes as palavras “me”,
“meu” e “eu” aparecem nesse parágrafo?
Continuamos os pecadores renitentes
de sempre a despeito dessas coisas fantásticas que Deus nos deu. Continuamos
perseguindo a dinâmica centrípeta, que atrai tudo para o centro. Temos uma
visão utilitária egoísta das ferramentas que Deus nos emprestou para nos
habilitar a servir, a amar, a morrer.
Repense a forma como você se
relaciona com esses presentes do Pai. Você pode colocar nesse bolo outros
tantos elementos: música, livros, paisagens maravilhosas, amizades fantásticas,
casamento, filhos, etc.
Como cada uma dessas coisas o torna
um servidor melhor?
Como você pode participar dessas
coisas todas para dar do muito que recebeu, e não para armazenar mais?
Como, filho de Deus, você pode
cumprir o propósito alto que Ele traçou pra você?
Um comentário:
Ah, Marcão. O seu texto parece que veio em minha busca. Ainda ontem à tarde, na pausa para um capuccino depois do almoço em plena Faria Lima, fiquei observando durante um bom tempo uma senhora com a filha no colo mendigando em frente ao café. E a pergunta fatal que me perseguiu, ainda mais eu como ex-funcionário de ADRA: como ajudá-la ?
Morrer para o eu, eis o desafio.
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