sexta-feira, 26 de junho de 2015

Em defesa da boa fé

Pessoas hostilizadas por sua fé tiveram seu templo apedrejado sob palavras de ódio e profecias de danação eterna. Uma menina de onze anos sofreu um corte profundo na cabeça por uma das pedras e agora tem medo de expressar a fé de seus pais. Isso tudo aconteceu há duas semanas, no Rio de Janeiro e os agressores (não as vítimas) portavam Bíblias e falavam em nome de Jesus.

Penso que toda comunidade cristã que deixa de mencionar esse fato nos serviços do último final de semana ou pelo menos neste agora está perdendo uma oportunidade de ouro para se perguntar: quem nós queremos ser? A quem seguimos?

Como venho comentando há tempos, o cristianismo não precisava desse tipo de propaganda negativa para ter sua imagem depreciada perante a opinião pública. 

Esses dias o humorista do Porta dos Fundos, Gregório Duvivier, publicou um interessante texto em forma de uma carta aberta a um pastor. No texto ele tenta explicar ao pastor quem foi Jesus. Pronto. Se é preciso um humorista sardônico para explicar quem é Jesus decerto é porque aqueles que se definem por serem seguidores dEle não estão fazendo lá um grande trabalho mesmo.

Ignorar a imagem que estamos alimentando nos outros não me parece ser a postura que nosso Mestre tomaria. Ele não Se importava de escandalizar ou de subverter os valores, no entanto, o fazia com amor e não com ódio.

Cada ato de intolerância e desamor que parte de um cristão "em defesa da boa fé" reforça o estigma de hipocrisia e beligerância idiota (ou de ignorância agressiva, como preferir) que os cristãos têm alimentado. Cada ato desses faz a sociedade olhar com desconfiança para qualquer pessoa que tenha uma convicção profunda. Ter convicções hoje em dia é fanatismo.

E, no entanto, eu tenho convicções. 

Tenho cá minhas certezas a respeito de quem foi Cristo, de quem Ele é e essas convicções me dão outras, a respeito de quem eu sou e de quem eu posso ser. Posso fingir não ser cristão e afirmar em meus atos e posicionamentos que não tenho convicções, mascarando-as, tudo para não atrair a rejeição dos outros, mas...

Então uso esses fatos lamentáveis para perguntar: quem eu quero ser? A quem eu sigo?

Que minhas convicções transpareçam para os que me rodeiam que elas não me tornam perigoso, e sim essencial.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito sensatas, as suas ponderações, Marcão! Concordo que não podemos deixar de enfrentar esse assunto, tratando-o como tabu e, como consequência, levando descrentes a pensarem que "os" cristãos compactuam com esse tipo de intolerância. Bom ter lido suas palavras.
Abs.
Romilda