sexta-feira, 6 de março de 2015

O teste do discipulado, questão 3

Vamos ser bem honestos aqui: é possível que você esteja satisfeito com sua religião apenas para um belo dia descobrir que ela é mera casca, mera perfumaria, maquiagem. Você pode descobrir que não é um seguidor de Cristo como afirmou ser por anos a fio, mas apenas integrante de um clube religioso. Partilha algumas crenças, um estilo de vida, participa de alguns ritos... mas não se parece na essência com a Pessoa a Quem diz seguir.
Para fazer o teste do discipulado, para determinar se você está efetivamente seguindo a Pessoa e não o que as pessoas fizeram dEla, basta notar se hoje você é mais parecido com Ele no que Ele tem de essencial. Sugeri que esse teste começasse com a obediência. Você é hoje mais obediente à vontade de Deus do que era há algum tempo? Bem, Cristo foi “obediente até a morte”... A segunda pergunta é: você é hoje mais honestamente humilde do que era? A humildade de Jesus constrange você a ter uma noção menos inflamada de si próprio e de seus méritos pessoais?
Mas o mundo tem bastante gente obediente, pessoas que não “fazem nada errado”, e bastante gente naturalmente humilde. Tanto umas como outras podem não ter nada a ver com Jesus Cristo. É preciso continuar o teste.
Outro elemento radicalmente marcado na pessoa de Jesus que está estampada na Bíblia é sua propensão ao serviço. Nas palavras de Ellen White: “Volvendo-nos, porém, de todas as representações secundárias, contemplamos Deus em Cristo. Olhando para Jesus, vemos que a glória de nosso Deus é dar. ‘Nada faço de mim mesmo’, disse Cristo; ‘o Pai que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai’. ‘Eu não busco a minha glória’, mas a dAquele que Me enviou. Manifesta-se nestas palavras o grande princípio que é a lei da vida para o Universo. Todas as coisas Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar” (DTN, p. 21).
Em diversos momentos nos evangelhos o dia-a-dia de Jesus é resumido com a fórmula “ensinava nas sinagogas, pregava às multidões, curava seus enfermos”. Embora cada uma dessas coisas possa ser realizada por motivos egoístas, o altruísmo de Cristo e Seu foco na solução dos problemas dos outros é evidente.
Viver para servir, contudo, não significa atender os desejos das pessoas, mas estar constantemente disposto a fazer o que for preciso para suprir suas necessidades. Jesus disse “não” para o sujeito que queria fazer dEle um juiz de uma questão civil e Se recusava a ser o que os outros quisessem que fosse. Ele não tinha medo de frustrar as expectativas dos outros, porque Seu alvo era dar o que as pessoas ao Seu redor efetivamente precisavam, e não o que achavam que precisavam.
Isso também não significa que Ele não cuidasse de Si próprio. Sabia que precisava retirar-se para a solidão para orar e meditar, mas o fazia porque sabia que a gente só pode dar daquilo que tem. Era preciso estar constantemente cheio do amor de Deus para ser o servidor que foi.
Obediência e humildade têm que ver com a negação do orgulho. Serviço tem que ver com a negação do egoísmo. Seguir a Cristo, contemplar Seu caráter dia a dia, produz uma aversão profunda a ambas as coisas.
Quem disse que seguir a Cristo seria banal? O caminho é muito alto, amigo. Alto e cheio de delícias.

Nenhum comentário: