sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A grande esperança

"Ah... um, homem com esperança", diz um homem idoso com a decepção estampada no rosto em um dos episódios da série Prison Break. "Qual o problema?" pergunta seu interlocutor, um fugitivo que pretendia recuperar sua família. "Um  homem com esperança - responde o velhinho, um cristão fervoroso - não conheceu a graça".

"Pessoas sem esperança são facilmente controladas", diz o dragão Falkor de A História sem fim, que revi emocionado esta semana depois de quase trinta anos.

Para Ángel Manuel Rodriguez, "existir é viver em uma condição de espera. A ausência de vida é, portanto, a ausência de esperança". John Stott, por sua vez, cita o horror de Woody Allen em face da morte ("não é que eu tenha medo de morrer. Eu só não quero estar lá quando isso acontecer") como o retrato fiel do mundo sem esperança. "Jesus Cristo, entretanto", escreve ele, "resgata Seus discípulos desse horror. Nós não apenas sobreviveremos à morte, mas ressuscitaremos, receberemos um novo corpo como o corpo ressurreto de Jesus, com poderes novos e jamais sonhados... Estamos certos de que toda a criação será libertada de sua escravidão presente, da deterioração e da morte; que os gemidos da natureza são as dores de parto que prenunciam o nascimento de um novo mundo; e de que haverá um novo céu e uma nova Terra, que será a casa dos justos".

Joguei aqui aparentemente a esmo uma colagem de citações que pode parecer contraditória mas que no fim apenas sublinha a centralidade da esperança. O personagem de Prison Break fala da futilidade das esperanças vãs. Como tive oportunidade de escrever em Ouse Crer, "A esperança de casar com alguém interessante, de ganhar muito dinheiro ou de comprar uma casa nova não afasta a angústia que é o pano de fundo do palco onde as demais emoções todas atuam. Elas podem atenuar a angústia por algum momento, podem anestesiar você, mas uma esperança fugaz é muito parecida com o desespero". É pão que não mata a fome.

E Falkor tem razão, pessoas sem esperança são facilmente controladas, mas pessoas com falsas esperanças também. 

Esperança tem que ver com a razão pela qual levantamos da cama todos os dias. Por que o fazemos? Se a razão não for realmente boa, a tristíssima e lastimável opção de Robin Williams, Kurt Cobain e tantos outros chega a parecer válida.

Ela não é, graças a Deus. Deus nos deu o pão que mata a fome. Ele o fez quando nem sabíamos que estávamos com fome. A esperança que Ele oportuniza enche a vida de propósito. Jesus chama isso de vida em abundância. É uma esperança diferente daquela que a criança tem de receber um presente do papai noel, porque ela nunca viu o papai noel. É a esperança de que o pai, a quem ela conhece muito bem, cujos sentimentos por ela são mais do que provados, é a esperança de que ele cumprirá sua promessa.

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