Para fugir pela esquerda, o tal doutor da lei perguntou como poderia definir "próximo" e aí vem a fantástica parábola do bom samaritano: um homem é assaltado e espancado e deixado à beira da estrada quase à morte. Passam dois religiosos, olham e nada fazem. Passa um samaritano, alguém desprezado pelos judeus, e ele ajuda abrindo mão de seu próprio tempo, seu próprio conforto e seu próprio dinheiro para ajudar o pobre homem.
Alguns estudiosos apontam para uma possível razão pela qual o sacerdote e o levita não ajudaram o homem espancado na rua: se o homem morresse e eles tocassem nele, estariam imundos, impuros, não poderiam tomar parte nos rituais religiosos. Se é verdade, então Jesus estaria dizendo algo como: "sua participação na igreja pode estar atrapalhando você de fazer o que devia estar fazendo". Uau! Reggie McNeal (em Get Off your donkey, ou seja, algo como Desça do seu jumento) comenta assim: "Ao sugerir que as necessidades das pessoas tem prioridade sobre a observância religiosa, Jesus explodiu a tampa da religião. Ele expôs os valores das instituições religiosas e desafiou seu controle sobre as pessoas... É fácil apontar o dedo para os líderes religiosos do primeiro século. O problema está em que, atividade religiosa continua atrapalhando o caminho para que sejamos bondosos com nosso próximo".
Romanos 8:19 diz que o Universo inteiro aguarda com "fremente expectativa" a revelação dos filhos de Deus. Talvez tomar parte em mais cultos, mais programas de igreja não seja exatamente se revelar como filho de Deus. Não enquanto houver gente espancada e deixada à morte (física, emocional, espiritualmente) no caminho.
McNeal conclui: "A igreja tem um começo e terá um fim. O reino de Deus, por outro lado, é eterno - um fato rememorado toda vez que oramos a oração do Pai Nosso. A igreja não é nosso destino final. O Reino é".
É bom lembrar para onde estamos indo de quando em vez, para não se perder no caminho.
2 comentários:
Excelente, Marco Brasil. Excelente. É uma coisa que sempre foi muito claro para mim, uma falta de prioridade em algumas instituições religiosas (e seus membros). Jesus foi muito claro, parecia que estava resumindo o que é, de fato, necessário. Encaro como se Jesus estivesse respondendo uma pergunta "se fosse pra resumir o cristianismo em seis palavras, quais seriam?". Ame a Deus e ao próximo". Simples. Claro, tudo é mais complexo, difícil, detalhado, mas acho que aí, ele mostrou aquilo que não podemos nos esquecer.
Fagner, a gente complica tudo mesmo. É que é mais conveniente complicar do que estender a mão pro espancado da beira da estrada e o que nós somos não precisamos nem de seis palavras para resumir. Uma só já basta: egoístas!
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