sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

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Davi é um dos personagens mais comentados de todo o panteão de grandes caras da Bíblia. Pensar que um homem capaz de adulterar, mentir e mandar matar para acobertar o próprio pecado possa ser chamado de “o homem segundo o coração de Deus” tem causado urticárias em muita gente ao longo dos séculos. Se perguntarmos onde exatamente reside a grandeza de Davi, podemos apontar a sua propensão ao arrependimento pelo próprio pecado, sua confiança inabalável em Deus mesmo diante dos gigantes da vida, sua incrível capacidade de sofrer injustiças sem aproveitar chances ótimas de se vingar (demonstrada na história com Saul), sua lealdade e outras tantas qualidades. Mas talvez para conhecer alguém precisemos mais do apenas ler sua história; talvez precisemos ler o que ele escreveu.

Foi fazendo isso por estes dias que descobri outra invejável grandeza de Davi. Em minha leitura dos Salmos (livro que eu já confessei aqui não estar entre meus favoritos da Bíblia), tropecei neste texto, encravado no coração do Salmo 51, aquele que ele escreveu depois que suas diatribes com Bate-Seba e Urias virem à tona: "Dê-me de novo a alegria da tua salvação e conserve em mim um espírito desejoso de obedecer. Então poderei ensinar seus caminhos a outros pecadores para que eles se voltem para o Senhor" 51:12 e 13.

Algumas páginas adiante tropecei em mais isto: "Ó Deus, o Senhor conhece muito bem as minhas culpas; sabe que fui insensato. Ó Senhor, Senhor dos Exércitos, não permita que outras pessoas que confiam no Senhor percam a esperança e a fé por minha causa. Não deixe que elas sejam envergonhadas, ó Deus de Israel!" 69:5 e 6 (ambos na versão da Bíblia Viva)

Outro aspecto da grandeza desse grande herói reside justamente aí: Davi tinha uma consciência muito grande do fato de que a salvação dos que o rodeavam era impactada pela sua atitude. Ele sabia que não poderia levar ninguém para perto de seu Deus, a fonte de sua força e de sua alegria, se sua vida não estivesse em harmonia com seu credo. Somente tendo recuperado o “espírito desejoso de obedecer” poderia ensinar a outros as delícias de estar em paz com Deus, e ele queria isto! Ele sofria por não poder fazer isso!

O cristianismo teria uma posição radicalmente diferente da que hoje tem em nossa sociedade se houvesse mais pessoas nele com a consciência de que têm uma responsabilidade para com o mundo a seu redor, uma responsabilidade que confere um raro prazer quando atendida devidamente.

Que sua preocupação com a possibilidade de outros virem a tropeçar pela sua conduta possa ser grande a ponto de você cantá-la em oração a seu Deus. E que Ele responda a essa prece como respondeu à de Davi.

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