O incrivelmente forte Hulk se
aproxima de Loki, que tenta intimidar o monstrengo verde: “você não pode me
enfrentar; eu sou um deus!” Hulk então o pega pelos pés e bate com ele no chão
repetidas vezes, como se ele fosse um boneco de pano. Por fim o deixa no chão
rachado pela violência dos golpes e dá as costas dizendo: “deus fraco.”
“Puny god” se tornou uma das
frases mais conhecidas do filme “Vingadores”, talvez porque é dos lábios do algo
irracional Hulk que vem esse juízo sobre o vilão da história, talvez pelo fato
de que esconde o velho anseio humano de conseguir medir forças e vencer um
deus. Ou talvez só porque vem depois da cena do vilão apanhando feio. Não sei
precisar ao certo a razão da popularidade desse mote, mas sei que ele me
persegue desde que assisti ao filme.
Racionalmente, tenho
consciência de que o Deus a Quem adoro, a Quem eu manifesto obedecer e seguir,
é onipotente. Intelectualmente aceito os milagres como fatos históricos: confio
que o mar Vermelho se abriu, que o maná caiu do céu, que o sol parou no meio do
dia, que Jesus andou sobre as águas, alimentou a milhares com poucos pães e
peixes e que ressuscitou a Lázaro. Mas temo que na prática de meu dia-a-dia eu
me relacione de fato com um deus fraco.
É que às vezes eu reflito em
minhas fraquezas de caráter, meus traços repulsivos de personalidade, meus
hábitos lenientes e indulgentes e percebo que por baixo da pele dessas coisas
que deveriam ser diferentes encontro a sensação de que Deus não as pode mudar.
Encontro minhas desculpas tão esfarrapadas quanto trapos de imundícia: esse “traço
de personalidade herdei de meu pai, está no sangue, não tem jeito”; “Deus vai
entender que estou sendo forçado a fazer isso nessa fase da minha vida, depois
as coisas entram nos eixos”; “ninguém é perfeito e ninguém é de ferro. Na média
sou muito melhor do que a maioria das pessoas...” Encontro essas e outras
tantas. Confundo (ou finjo confundir) o fato de não querer mudar em certos aspectos com a noção, absolutamente
falsa, de que é impossível mudar.
É preciso que venha alguém
mais forte que o Hulk, o Espírito Santo, me tome pelos pés e me chacoalhe com
força para que eu recorde que o Deus que me criou e salvou, o Deus que me
mantém de pé e que mantém o fôlego de vida em minhas narinas, é o que inspirou
estas palavras: “quem está em Cristo,
nova criatura é”, “tudo posso naquele que me fortalece”, “sede perfeitos como
perfeito é vosso pai”, “pois é Deus quem opera em nós, tanto o querer, quanto o
efetuar” (II Cor. 5:17, Fil. 4:13, Mat. 5:48, Fil. 2:13). É preciso encarar
com coragem o sonho de Deus a meu respeito, muito mais amplo e alto que os meus
sonhos, e mergulhar nele. E mergulhar nEle.
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