No último sábado, na igreja,
ouvi um amigo traçar um interessante paralelo entre a tentação de Eva e a de
Jesus, que nunca havia me ocorrido e que me apresenta a lições fantásticas para
a luta que eu tenho pela frente hoje.
Em ambos os casos, a
estratégia de Satanás começou apelando para o apetite, esse fator que muitos
ainda tratam como uma questão secundária e inofensiva. As duas tentações
mostram que aquilo que comemos e o quanto comemos tem impacto na eternidade.
Eva achou o fruto “desejoso para se comer”,
enquanto Jesus disse, citando a Bíblia, que “nem
só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”,
mostrando que quando o apetite manda numa direção e as Escrituras apontam
outra, devemos tomar o outro caminho. Afinal, Ele venceu e nossos primeiros pais
não.
Na sequência Satanás pergunta
a Eva se era verdade que ela não podia comer de árvore nenhuma do jardim, uma
sutil distorção das palavras de Deus. Quando Eva tenta defender a Deus
corrigindo a serpente, Satanás mais que depressa lança a mesma mentira atraente
que repete à exaustão ao longo dos séculos: certamente
você não vai morrer. Para Jesus ele faz o mesmo; também citando a Bíblia
(sim, a Bíblia pode ser uma ferramenta de tentação para quem está com ela, mas
longe do Autor dela), quando sugere-lhe que se atire do alto do templo. Você não vai morrer, nem se machucar, o
tentador está dizendo nas entrelinhas, Deus
não vai permitir que isso aconteça. Você é eterno! Eternidade sem atender
ao “assim diz o Senhor” foi a
promessa que quebrou a fidelidade de Eva. Jesus, ao contrário, ao responder “não tentarás ao Senhor teu Deus”, não
apenas venceu a tentação como também me ensinou o valor de uma vida humana. Ele
me ensinou que com a vida que ganhei de meu Deus não sou autorizado a brincar.
Não devo arriscá-la, não devo andar no limite, não devo tratá-la como se ela
fosse um desses produtos com refil que pode ser reposto a qualquer momento. A
vida é sagrada e eu não posso colocá-la em risco para provar que Deus me ama.
Na terceira tentação Satanás
apela para nossa ambição de sermos mais do que somos. Ele diz a Eva que ela
será igual a Deus e diz a Jesus que Ele será o dono do mundo com todas as suas
maravilhas. Sutilmente, contudo, ele está falando que só seremos deuses se,
antes de mais nada, o fizermos deus. Precisamos atender à sua voz e comer, e
não à divina, que manda não comer; precisamos adorá-lo antes de poder ser
adorados. Foi esta ambição que o fez derrapar lá no começo. Ele quis ser igual
a Deus (Isaías 14:14), ele quis ser adorado também. Mais uma vez, Eva se convence
dos argumentos dele e cai, novamente Jesus vence. Isso me faz pensar na forma
como lido com as pessoas sobre quem tenho influência, especialmente minha
esposa e filhos. Meus atos revelam um desejo legítimo e santificado de ser
amado, ou a forma como tento manipular sua vida revela que eu quero no fundo é
ser adorado e tratado como um deus?
Satanás não mudou sua
estratégia desde que ela deu certo na primeira vez. Não tem porque adotar outra
estratégia comigo e com você hoje. O que muda é a embalagem, o produto é o
mesmo: apetite (condescendência com os sentidos), eternidade, endeusamento.
Você também está no deserto para ser tentado e só vai triunfar onde nossos pais
fracassaram se estiver segurando a mão de quem a venceu. “Em Deus faremos proezas” (Salmo 108:13). Inclusive ser vitoriosos
na tentação, como Ele foi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário