sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Até os malas


“Exortamo-vos também, irmãos, a que admoesteis os insubordinados, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos” (I Tessalonicenses 5:14). Essas palavras dirigidas por Paulo à igreja revelam uma verdade para muitos indigesta.
 Veja, Paulo está afirmando que a igreja deve ser um ambiente em que você esteja disposto a exercitar sua capacidade de admoestação, ou seja, de exortação, de direcionamento, de ensino, de correção de condutas equivocadas. Está conclamando você a exercitar na igreja suas habilidades consoladoras aos desanimados e que ampare os fracos. Ele afirma ainda que lá é o local onde devemos ser longânimos para com todos. Todos!
 A forma como esse verso aparece na Bíblia Viva é ainda mais eloquente: “Irmãos, admoestem aqueles que são preguiçosos ou rebeldes; confortem aqueles que estão atemorizados; tenham um carinhoso cuidado por aqueles que são fracos; e tenham paciência com todos”.
 A verdade indigesta escondida aqui é bastante simples: a igreja deve ser um lugar para gente preguiçosa, rebelde, amedrontada, fraca e (sim!) chata. Chata, porque com quem mais você deveria exercitar a paciência?
 Sei que você tinha vontade de promover uma limpeza emulando os esforços de eugenia nazista, tirando da sua igreja os chatos, os inconvenientes, os que falam na hora errada, os que se vestem de forma bizarra, os que vivem se lamuriando e os que não querem nada com nada, mas aí com quem você exercitaria a paciência, a consolação, a admoestação e essas coisas todas?
 O fato é que Deus quer que a igreja seja esse lugar heterogêneo, com uma multiplicidade de tipos gigantesca, em que nem todos demonstrem afinidades óbvias com você, e que, por alguma razão nem tão óbvia assim, Ele não quer você fugindo dessas pessoas, mas se relacionando com elas! Ele tem propósitos mais altos que passam pelo exercício da capacidade de aturar pessoas diferentes.
 Oswald Chambers coloca assim: “Na vida espiritual, cuidado para não andar de acordo com suas afinidades naturais. Todos têm afinidades naturais; de algumas pessoas nós gostamos, de outras não. Nunca podemos permitir que esse gostar ou desgostar governe nossa vida cristã. Se andarmos na luz como Deus na luz está, Ele nos dará comunhão com pessoas com quem não temos nenhuma afinidade natural”.
 É indigesto? Talvez sim, a princípio, como para muitos uma salada parece mais difícil de encarar do que uma pizza, mas expor-se à salada consistentemente acaba revelando alegrias insuspeitadas e com esse esforço para estar entre os chatos, preguiçosos, fracos e desanimados não há de ser diferente.

2 comentários:

Tan disse...

Fantástico!

Tan disse...
Este comentário foi removido pelo autor.