sexta-feira, 27 de maio de 2011

A quinta disciplina: simplicidade

Antes de falar da quinta disciplina, talvez seja importante fazer uma pequena explicação: esta série de textos sobre as disciplinas cristãs nasceu da leitura do livro “Celebration of the disciplines”, de Richard J. Foster, que fiz há um ano e pouco. Essa leitura me ajudou muito em diversos aspectos, mas, passado um ano, senti que muito daquela teoria estava longe de ser prática na minha vida. Foi, portanto, como uma desculpa para reler cada um daqueles temas e assim ter a oportunidade de escolher ajustar minhas práticas que decidi abordá-los aqui. Ok, feita essa advertência para que ninguém pense que eu sou modelo em qualquer uma dessas disciplinas, acho que podemos falar de simplicidade, ou modéstia.

Em Eclesiastes 7:29, Salomão afirma que “Deus nos fez simples e direitos, mas nós complicamos tudo.” Sem dúvida, as coisas deveriam/poderiam ser mais simples. A Bíblia diz que o amor do dinheiro é o primeiro de todos os males (I Timóteo 6:10) e Jesus é claríssimo ao pontuar que é impossível servir a Deus e ao dinheiro (Lucas 6:13).

O engraçado de falar dessas disciplinas cristãs é que a cada uma eu tenho a sensação de que aquela é a mensagem perfeita para o nosso tempo. Não é diferente em relação a simplicidade, porque ela é o oposto do consumismo. Numa escala de ruim a bom, são as coisas mais sofisticadas que alcançam o bom, não as mais simples. É a grande quantidade, não a pequena.

A gente vai aos EUA e vê como as coisas lá são ridiculamente baratas e então compra dezoito camisas raciocinando que está economizando um dinheirão se fosse comprar as mesmas camisas no Brasil sem pensar que, no Brasil, você nunca sentiria necessidade de ter dezoito camisas novas no armário de uma vez, ou seja, você nunca faria aquela compra. A gente liga o computador ou a TV e vê um relógio novo e, de alguma forma misteriosa, se convence de que tem a necessidade de ter um de cada cor. Simplicidade é ter uma noção correta do que é de fato necessário. Simplicidade é saber que o que é de fato necessário é uma única coisa.

A simplicidade, embora seja uma realidade interior, subjetiva, tem óbvias expressões externas. Na verdade, é a mais claramente identificável disciplina de todas. Trata-se da forma como você veste e ostenta a sua escala de prioridades na vida. Se sua escala de prioridades é ruim, vai ser difícil você ostentar uma versão boa dela. Portanto, para ser simples é preciso pedir a Deus. Precisamos exercitar a disciplina da oração com esse nobilíssimo pedido, lembrando que simplicidade não é o mesmo que desleixo. É possível ter uma casa bonita e limpa e vestir-se bem e ainda assim ser simples.

Foster lista dez sugestões práticas para corporificar a simplicidade:
1. Compre coisas pela sua utilidade e não pelo status que elas proporcionam;
2. Rejeite qualquer coisa que vicie ou que crie em você algum tipo de independência;
3. Criar o hábito de dar. Limpar os armários regularmente e passar adiante coisas em bom estado.
4. Desconfie do último lançamento tecnológico, especialmente aquele que promete fazer você economizar tempo. Para onde foi o tempo que você economizou com o e-mail, o celular, a impressora, etc?
5. Aprenda a desfrutar das coisas sem se apossar delas. Você não precisa ser o proprietário de tudo.
6. Seja natural. Crie oportunidades de contato com a natureza. Caminhe mais. Coma mais salada.
7. Fuja das compras à prazo.
8. Cultive a honestidade, o “sim, sim, não, não” (Mateus 5:37). Desista de tentar encapar seus motivos e razões com nobres sentimentos ou justificativas forjadas.
9. Rejeite qualquer coisa que alimente a opressão sobre outros.
10. Desligue aquilo que o distrai do que realmente interessa, o Reino de Deus.

“Que Deus dê a você – e a mim – a coragem, a sabedoria, a força para sempre manter o reino de Deus como a prioridade número um de nossa vida. Fazê-lo é viver em simplicidade” (Foster).

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