segunda-feira, 2 de maio de 2011

A quarta disciplina: estudo

Nada combina mais com a ideia de “disciplina” do que estudo. Para estudar, precisamos ser disciplinados. Acontece que a maior parte das pessoas consegue concluir seus estudos sem lá tanta disciplina; levam a coisa na flauta, vão passando com a nota 5,0. Fica então a questão: o quão importante é para um cristão o estudo? Ele precisa se disciplinar a estudar a Bíblia? Não dá pra “passar com 5,0”? Não dá pra deixar isso de estudar para o pastor ou os teólogos e cuidar só das outras coisas (oração e meditação, por exemplo)? Vamos deixar a Bíblia responder: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Oseias 4:6).

Estudar, portanto, é tão vital quanto orar. É por falta de conhecimento que o povo perece, e não por falta de experiências místicas, êxtases espirituais, momentos tocantes ou outras coisas que valorizamos muito na vida cristã. Richard J. Foster aponta a este texto de Paulo: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2) e então acrescenta que “A mente é renovada ao aplicá-la àquelas coisas que a transformam”, ou seja, “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8).

O texto de Oséias que transcrevemos acima é uma advertência aos sacerdotes, que deixavam de transmitir conhecimento ao povo, mas agora todos nós somos “sacerdócio real” (I Pedro 2:9). Não podemos depender de outro “sacerdote”.

Estudar a Bíblia não é tão difícil quanto parece, especialmente hoje em dia. Há muito material de apoio e há muitas formas de o fazer. Você pode estudar como William Miller fez, pegando apenas a Bíblia e uma concordância (que mostra em que outros versos da Bíblia cada palavra aparece) e lendo verso por verso, só passando adiante depois de haver entendido o anterior. Você pode eleger um tema (como “o que acontece depois que morremos?”, “o que era o santuário e o que significava seu ritual?”, “o que a Bíblia fala sobre a lei de Deus”, “o que a Bíblia fala sobre a volta de Jesus?”, etc) e, com a ajuda de um roteiro, abrir cada verso que fala sobre ele, refletindo em seu sentido. Você pode pegar um livro da Bíblia como o evangelho de João e o ler repetidas vezes. Você pode estudar apenas a profecia apocalíptica de Daniel e Apocalipse, usando um comentário de uma fonte cuidadosa como ajuda. Você pode fazer qualquer uma dessas coisas em grupo, reunindo amigos. Você pode pedir a um amigo mais experiente para conduzir um estudo sistemático com você no começo, para mais adiante começar a andar sozinho. Qualquer que seja o método, o importante é que ele seja precedido por uma oração sincera por iluminação e por que a vontade de Deus seja mostrada, ainda que ela contrarie a sua.

Como toda disciplina, a do estudo é custosa e sacrificante no começo. Quando ela se torna hábito você se pega sentindo um inusitado prazer. Você sente o que aqueles discípulos no caminho de Emaús sentiram quando Jesus lhes aplicava um estudo bíblico sobre Ele próprio: “Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?” (Lucas 24:32).

Você não precisa ser destruído, você não precisa morrer. O conhecimento está ao seu alcance. Rejeitá-lo é como um náufrago rejeitar a corda do resgate. E você troca o resgate pelo que? O que há de tão mais importante naquilo com que você gasta seu tempo hoje?

Ore hoje com o salmista: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua Lei” (Salmo 119:18).

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