sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Para quem pensa estar em pé

Acreditamos estar vivendo momentos solenes da história deste mundo. Aquilo que Paulo chamou de “os fins dos séculos”. Ao dizer isso, ele afirma que há na história do povo hebreu libertado do Egito uma série de advertências específicas para nós (I Coríntios 10:1-13), mais especificamente cinco:

1. Não cobiçar as coisas más, como eles cobiçaram (v. 6). É claro. Aquilo que desejamos determina aquilo que somos. Não dá para ser bom desejando coisas más, ainda que chamemos as coisas más com outros nomes, mais brandos.

2. Não sejamos idólatras (v. 7), e ele explica isso assim: “o povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar”. Mas em que sentido comer, beber e folgar configuram idolatria? Ter um ídolo é ter algo venerado, algo que se fica contemplando longamente, algo que captura nossa afeição de maneira praticamente exclusiva. Comer, beber e folgar era uma consequência da idolatria, e não a idolatria em si, porque se aquilo que adoramos é menos do que Deus, nosso padrão moral é rebaixado automaticamente, e passamos a ter prioridades distorcidas; passamos a empregar nosso tempo e nossos recursos de forma irresponsável. A vida passa a ser só uma sucessão de banquetes e orgias, em maior ou menor grau.

3. Não cometamos imoralidade sexual (v. 8). Outra consequência de cobiçar coisas más e de colocar alguma outra coisa no lugar de Deus. Nossa sexualidade, dada ao homem como um maravilhoso presente pelo próprio Deus, acaba servindo como veículo de satisfação própria unicamente. No sexo segundo o padrão de Deus, o homem está a serviço da mulher e a mulher a serviço do homem. O sexo só é amplamente satisfatório para ambos quando ambos controlam certos impulsos egoístas. O sexo, portanto, é outra escola divina de serviço. Qualquer forma de imoralidade sexual desvirtua essa dinâmica e o que era uma benção se torna facilmente em maldição.

4. Não tentemos ao Senhor (v. 9). Abusar da paciência de Deus é outra advertência que nos é dada pela história do povo de Israel no deserto. Podemos contar com Sua misericórdia indefinidamente, mas um dia Ele vai ter que mudar de tática conosco. E isso pode doer. Deus apela ao nosso coração infinitas vezes e de infinitas formas. Negar consistentemente atender a esses apelos, como alguns hebreus fizeram, pode ser fatal.

5. Não murmuremos (v. 10). Há muitos cristãos que vivem resmungando sua sorte. Vi alguns cujo maior prazer é nos momentos em que podem se levantar na igreja e fazer pedidos de oração, quando desfiam um interminável rol de desgraças que recaiu sobre si. Bem, quem é grato não murmura. E temos razões de sobra para ser gratos, a começar por Jesus Cristo e Seu sacrifício na cruz. Estou acostumado a lidar com isso com meus filhos. Podemos ter tido um dia fantástico, com passeios, presentes, brincadeiras, mas eles são hábeis em achar razões para murmurar e reclamar, às vezes. Sei a indignação que isso me causa, portanto, posso imaginar qual é a de meu Deus quando faço o mesmo.

O texto termina assim: “aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia. Não vos sobreveio tentação senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes, com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar” (VS. 12 e 13). Em suma, não há desculpa plausível para escorregar em qualquer desses pontos.

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