sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O outro enredo

Eu sempre gostei de livros e filmes que mostram histórias paralelas que se cruzam no final ou que, sem seus protagonistas saberem, influenciam nos desenlaces umas das outras. Eles estimulam a reflexão no fato de que somos impactados por coisas que nem imaginamos, coisas que estavam em movimento muito antes de nos atingirem e, de igual maneira, nós também influenciamos pessoas e acontecimentos que nos seria impossível prever ou mesmo suspeitar.

Sábado passado, na classe de escola sabatina, discutíamos a existência de dois enredos paralelos no livro de Jó. Há uma história acontecendo na Terra e outra acontecendo no Céu. Para nós, os leitores, claramente uma influencia na outra. O enredo da Terra tem seu piparote inicial no Céu, na discussão de Deus com Satanás, e o final do enredo celeste depende de como as coisas se desenvolvem na Terra também. Satanás teria sido o vitorioso no repto que lançou a Deus caso Jó tivesse adotado outra atitude.

Talvez a conclusão mais relevante que se tira daí tenha a ver com o fato de que Jó começa e termina a história sem conhecer o enredo celeste. Ele não faz ideia da razão pela qual está sofrendo daquele jeito absurdo e mesmo quando Deus lhe aparece, no fim, não há qualquer indicação para ele do enredo celeste. Bem, podemos ter a certeza de que a nossa história também tem múltiplos enredos paralelos, sendo o mais relevante deles o que se desenrola no Céu. E, como Jó, não sabemos o que acontece lá.

Na classe de escola sabatina algumas pessoas manifestaram desconforto com isso. Uma mulher queria a todo custo entender porque Deus havia concedido o visto americano só para depois ele ser negado. Querer saber o porque não é problema. Jó também quis. Jó insistiu em entender a razão de tudo estar acontecendo e a Bíblia diz que ele não pecou contra Deus, logo, essa insistência em tentar entender não é um problema. Só que Jó não teve resposta. O problema haveria se ele deixasse de confiar no Deus que não respondia a suas perguntas, se ele “amaldiçoasse a Deus”, como sugeriu sua mulher.

Jesus diz que devemos nos humilhar e tornar como crianças para ver a Deus. Isso implica em que reconheçamos que a maior parte do conhecimento de tudo o que existe simplesmente não cabe em nós. Somos pequenos demais para saber. E, como pequenos demais, como crianças, o único jeito de andarmos em segurança num universo de desconhecimento é confiando em alguém maior e segurando em sua mão.

Alguma coisa está acontecendo lá em cima. Não vamos saber o que tão cedo, mas uma coisa podemos saber. Se passamos tempo com Deus, se nos familiarizamos com Ele, podemos saber que Ele fará com que tudo conspire para nossa felicidade final. Confie no Senhor e o resto Ele fará.

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