sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O seu papel nisso tudo

Sabe aqueles imperativos absolutos que nós amamos fazer malabarismos retóricos para conseguir relativizar? Coisas como "buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de TODO o coração" (Jeremias 29:13) ou "buscai PRIMEIRO o reino de Deus e a sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33)? Pois é. A Bíblia é recheada deles e quando a gente finalmente entendeu e aceitou a ideia da graça esses imperativos vêm e nos confundem.

Afinal de contas, somos salvos pela graça ou só depois de empregar TODO o coração e de colocar essa busca em PRIMEIRO lugar? Por que razão o mandamento nos ordena a amar com TODO o coração, TODA a alma e TODAS as nossas forças?

Em minhas leituras diárias estou quase terminando o Novo Testamento e pela primeira vez fiz acompanhar minhas leituras do registro de minhas impressões delas em um caderno. Eu leio um capítulo e então registro no caderno aquilo que me impressionou ou que entendi no texto e essa experiência tem sido fantástica, principalmente para entender a mensagem mais global, e não compartimentada em capítulos. E o resultado dessa experiência tem sido notar a tônica comum a Paulo, Tiago, Pedro e João. Parece que todas aquelas epístolas são um grito desses homens inspirados: "não usem a ideia revolucionária da graça para colocarem o motor na banguela! não pensem que a graça os joga numa zona de conforto! Como disse o profeta Isaías, 'aqui não é lugar de descanso'' ainda. O descanso está mais à frente, não parem de andar!"

A resposta que vejo à pergunta que fiz dois parágrafos acima é: sim, somos salvos TOTALMENTE pela graça. Antes de conseguirmos buscar a Deus com 1% do nosso coração. Enquanto o reino de Deus era a última de nossas prioridades. A graça nos alcançou enquanto estávamos longe e de costas para Deus. 

Mas o complemento necessário é: se a graça nos salvou inteiramente enquanto ainda éramos o oposto de Jesus Cristo, ela colocou em nosso coração o desejo genuíno de caminhar na direção da semelhança absoluta com Ele. Isso se faz com a aplicação de todo o coração e fazendo dessa busca o objeto primeiro de nossa agenda. Isso se faz empregando na tarefa de aprender a amar nosso coração, nossa alma e nossos esforços. Não para sermos salvos, mas porque fomos. Não para tentar nos melhorar como pessoas, mas para estar em harmonia com o poder que é capaz de o fazer.

Enquanto estamos nessa caminhada, Cristo alegremente completa o que falta com Sua justiça perfeita. Quando, contudo, interrompemos essa caminhada, estamos acreditando na mentira de que o grau de semelhança com Ele que já alcançamos é suficiente porque já é bem maior do que o das pessoas ao nosso redor ou bem maior do que aquele que tínhamos tempos atrás.

Se Ele te deu o desejo de buscá-lO, é porque você foi alcançado. Empregue nisso tudo o que tem. Ele vai operar cada vez mais o querer e o efetuar.

2 comentários:

Unknown disse...

Marcão, me vei ouma ideia agra mesmo, e acredito que você com certeza já deve ter pensado nela antes: transformar seus posts em um devocional. Isto mesmo. Aliás, são tantos posts nestes últimos anos que acho que dá pra ter uns 2 devocionais.

Pense e amadureça a ideia.


Abs

Marco Aurelio Brasil disse...

Kurt, foi o que tentei fazer. Se chama Instantâneos do Reino. A CPB não se interessou, então publiquei em formato e-book. Agora uma editora sulafricana demonstrou interesse. Quem sabe não sai primeiro em inglês?