Frank Miller imaginou como a história dos lendários 300 de Esparta poderia ser contada de modo que parecesse uma vitória, e não o extermínio que foi. Extermínio heroico, mas extermínio: todos os 300 morreram.O ápice de sua graphic novel é o momento e que o general espartano atira uma lança em Xerxes. A lança o alcança de raspão, extraindo um único filete de sangue. Pronto. Leônidas havia feito o endeusado Xerxes sangrar. Era o suficiente. Para os oprimidos, ver o sangue do opressor escorrer era uma vitória moral.
Bin Laden, convencido de ser o oprimido e vendo nos Estados Unidos o opressor, fez o sangue da América escorrer.
Mas não foi só isso. Levantou a popularidade do presidente Bush, que àquela altura só ganhava da popularidade atual de Dilma ou do Vasco.
Um interessante estudo que li mostra que a popularidade do presidente americano está diretamente associada à existência de um inimigo terrível externo. Se não são os comunistas, que sejam os fundamentalistas islâmicos. Quando Bush achou seu grande inimigo, sua popularidade cresceu e ele se reelegeu.
De modo análogo, muitas pessoas só sentem que sua vida está nos eixos, que ela tem propósitos, se estão combatendo algum inimigo. É uma tentação, mesmo, porque lutar contra é um tipo de catarse. Existe, contudo, um propósito superior para a existência humana, que é levantar-se não contra algo, mas a favor de. A favor do próximo, a favor da vida.
Nosso inimigo, diz a Bíblia, não é de carne e osso. Nosso inimigo, diz a Bíblia, não somos nós quem derrotamos, é o Senhor dos exércitos. Nessa batalha não precisamos pelejar, apenas escolher o lado certo.
Isso não significa que não devemos lutar contra a injustiça, a corrupção e a degradação, mas que não devemos focar nessas batalhas "santas" como sendo nosso propósito de vida fazer algum opressor sangrar.
Que os Filhos do Deus vivo canalizem o melhor de sua energia para construir e não para destruir.
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