sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Aquilo pelo que você se levanta

Frank Miller imaginou como a história dos lendários 300 de Esparta poderia ser contada de modo que parecesse uma vitória, e não o extermínio que foi. Extermínio heroico, mas extermínio: todos os 300 morreram.O ápice de sua graphic novel é o momento e que o general espartano atira uma lança em Xerxes. A lança o alcança de raspão, extraindo um único filete de sangue. Pronto. Leônidas havia feito o endeusado Xerxes sangrar. Era o suficiente. Para os oprimidos, ver o sangue do opressor escorrer era uma vitória moral.

Bin Laden, convencido de ser o oprimido e vendo nos Estados Unidos o opressor, fez o sangue da América escorrer.

Há exatos catorze anos aquelas torres gêmeas vieram ao chão do centro financeiro de Nova York com cobertura ao vivo para o mundo todo, que assistia estupefato. Mais de 3.000 mortos, leis suprimindo direitos fundamentais em nome da segurança, mil teorias da conspiração, guerra no Afeganistão, guerra no Iraque, invasão do Paquistão, assassinato de Bin Laden, primavera árabe, estado islâmico... tudo levantou como aquela nuvem de poeira que vimos na TV, há exatos catorze anos.

Mas não foi só isso. Levantou a popularidade do presidente Bush, que àquela altura só ganhava da popularidade atual de Dilma ou do Vasco.

Um interessante estudo que li mostra que a popularidade do presidente americano está diretamente associada à existência de um inimigo terrível externo. Se não são os comunistas, que sejam os fundamentalistas islâmicos. Quando Bush achou seu grande inimigo, sua popularidade cresceu e ele se reelegeu.

De modo análogo, muitas pessoas só sentem que sua vida está nos eixos, que ela tem propósitos, se estão combatendo algum inimigo. É uma tentação, mesmo, porque lutar contra é um tipo de catarse. Existe, contudo, um propósito superior para a existência humana, que é levantar-se não contra algo, mas a favor de. A favor do próximo, a favor da vida. 

Nosso inimigo, diz a Bíblia, não é de carne e osso. Nosso inimigo, diz a Bíblia, não somos nós quem derrotamos, é o Senhor dos exércitos. Nessa batalha não precisamos pelejar, apenas escolher o lado certo. 

Isso não significa que não devemos lutar contra a injustiça, a corrupção e a degradação, mas que não devemos focar nessas batalhas "santas" como sendo nosso propósito de vida fazer algum opressor sangrar.

Que os Filhos do Deus vivo canalizem o melhor de sua energia para construir e não para destruir.

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