Vendo minha expressão de pasmo, ela acrescentou: "Coisas assim acontecem o tempo todo na China", e passou a me mostrar na Internet fotos e histórias de crianças que vendem abraços para conseguir dinheiro para pagar tratamentos bastante simples. Mostrou um homem que se fantasia de cavalo e se oferece para levar qualquer pessoa nas costas, de quatro, em troca do equivalente a R$ 2,00, na esperança de juntar dinheiro o suficiente para conseguir custear o tratamento de seu filho. Outras histórias de pessoas com nível superior de educação
que acabam na mendicância para conseguir cuidar de algum familiar, enquanto o governo do país admite haver mais de cem cidades com índice de incidência de câncer muito acima da média mundial, o que significa que para oferecer esse tênis e esse celular baratinhos que você tem aí, milhões de trabalhadores lá estão sendo expostos a condições de trabalho absolutamente insalubres. O meio ambiente então, possivelmente jamais se recupere, como um preço que alguns reputam barato pelo crescimento de 7 a 10% ao ano.
O ser humano - a classe à qual pertenço [coisa que admito não sem grande vergonha] - é capaz de muitas bizarrices. É capaz de enaltecer valores cruéis que deixam claro que a ordem do dia é o egoísmo.
Falando de nosso contexto ocidental, é difícil afirmar o que seria de nossa sociedade corrupta não fosse a ética cristã que lhe serviu de base, mas o fato é que, à medida em que ela perde força e à medida em que cristãos com altíssima quilometragem de sermões assistidos se mostram absolutamente incapazes de perdoar seus semelhantes e de sentir compaixão pelos que sofrem, não dá para ficar muito otimista quanto ao mundo em que nossos filhos crescerão.
A pensar nisso tudo, minha oração é para que a proximidade com Deus que cada ser humano que lê esses linhas desenvolve o torne cada vez mais incapaz de bizarrices egoístas. E, claro, "ora vem, Senhor Jesus".
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