- Em dois minutos é possível fazer até uns 30 pontos, vocês pontuaram muito pouco - ele disse por fim, instalando uma interrogação em nossa mente - O objetivo não era ganhar do outro, mas fazer o maior número de pontos possível. Se vocês tivessem combinado de não opor resistência ao outro, e cada um ganhar uma vez intercalado, era possível chegar e até passar dos 30 pontos. Como eu disse, vocês pontuaram muito, muito pouco...
A moral era clara: condicionados à disputa como somos, enxergamos no outro um oponente e com isso lucramos muito menos do que seria possível. Trata-se de uma constatação que emerge da teoria dos jogos mas cuja lógica irrefutável tem pouquíssima penetração no mundo real. Esse condicionamento para enxergar tudo e todos como concorrentes e potenciais oponentes parece estar entranhado em nosso DNA.
Muito antes dos teóricos da teoria dos jogos formularem seus axiomas e teoremas Paulo já havia advertido que "não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais" (Efésios 6:12). Por outras palavras, o inimigo de verdade é invisível. O inimigo de verdade se combate com armas espirituais, e não com nossa pífia força.
Mas não queremos isso. Queremos lutar. Queremos sentir que o oponente foi derrotado pela força de nossa mão, pela nossa habilidade, sentir o gosto de sangue, suor e lágrimas em nossa boca, nem que, para isso, tenhamos que tratar como oponentes aqueles que não são. Seu cônjuge não é o inimigo. Seu chefe não é o inimigo. Seu vizinho não é o inimigo. Seu inimigo de verdade está em outro lugar, rindo de suas investidas contra a pessoa errada.
Contra quem e com que ferramentas você vai lutar hoje?
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