As páginas amarelas de Veja
publicaram esta semana uma interessante entrevista com o jovem pastor
norteamericano Rob Bell. Bell fundou a igreja Mars Hill, em Grand Rapids, que
cresceu até se tornar uma das maiores congregações do país. Multimídia, ele aparece
em uma série de vídeos de cerca de dez minutos em que faz pequenas e profundas
pregações e também publicou diversos livros. Tudo isso fez dele um expoente do
cristianismo e por isso mesmo foi grande a controvérsia quando, em seu último
livro, defendeu a ideia de que não existe Céu nem inferno.
Na entrevista, Bell afirma
que ninguém sabe o que acontece depois da morte, então deveríamos ter mais
humildade com esse assunto. E ele tem razão, ao menos se aplicarmos à palavra “sabe”
nessa frase o sentido científico de conhecimento empírico.
É no mínimo curioso notar que
exista tanta divergência quanto à resposta a essa pergunta essencial do ser
humano: “para onde vamos?” Mais curioso ainda é constatar que a esmagadora
maioria das teorias a respeito contradizem frontalmente o que a Bíblia afirma.
A Bíblia afirma que somos o encontro de um corpo, feito do barro pelo próprio
Deus, e do fôlego de vida que Deus sopra (Gênesis 2:7). Assim, o corpo sem o
fôlego não é “alma vivente”. O fôlego sem o corpo também não é “alma vivente”.
Uma alma, segundo a Bíblia, é a conjugação desses dois fatores. As Escrituras
vão mais além quando afirmam que os mortos não sabem coisa nenhuma, não têm
consciência, não têm parte alguma em nada que acontece no mundo dos vivos
(Eclesiastes 9). O próprio Jesus compara a morte a um sono. Ora, quem está
dormindo não está acompanhando o que acontece, muito menos intervindo e tomando
parte nas idas e vindas dos humanos vivos.
Quer dizer que ao morrer eu
vou para a sepultura? Meu espírito desencarnado não vai pra algum lugar, melhor
ou pior? É exatamente isso. Mas em I Tessalonicenses 5 Paulo afirma que não
queria que ninguém ficasse em ignorância quanto ao que acontece “aos que dormem”.
Ele afirma que quando Jesus voltar a essa Terra, soará o brado e então todos os
que morreram “em Cristo” ressuscitarão, ou seja, o corpo reconstruído reencontrará
o fôlego de vida e essas pessoas voltarão a viver, dessa vez eternamente ao
lado de Jesus.
Rob Bell tem razão quando
afirma que ninguém sabe (empiricamente) o que acontece após a morte, mas não
tem razão de afirmar que não temos como saber. Paulo disse que ninguém deveria
ser ignorante quanto a isso.
Mas a resposta da Bíblia a
essa pergunta é tão impopular porque é muito mais confortante acreditar na
mentira do “certamente não morrerás” dito pela serpente a Eva e repetido à
exaustão pelos séculos afora. É um alívio pensar que vou ter infinitas
oportunidades de ser alguém melhor. Se não der nessa vida, tento na outra,
então posso pensar em “ser alguém melhor” mais pra frente.
Conhecer o que as Escrituras
falam sobre a morte tem como primeiro efeito em nós nos confortar com a certeza
do reencontro com nossos queridos que já foram, dormindo em Cristo. O segundo
efeito é nos fazer entender que esta vida não é brinquedo. Com a vida não se
brinca! Ela é a única bala da agulha, nossa única e final oportunidade de
escolher a vida de verdade, a vida eterna.
Estamos sendo constantemente
lembrados de que a qualquer momento nossa vida pode ser ceifada. Somos frágeis,
somos vulneráveis. Se entendermos que com a vida não se brinca, não adiaremos
mais a mais importante das decisões.
É o que lhe desejo hoje.