João 10:10
Vasculhando meus papéis
encontrei algo que escrevi no final de setembro de 2.001, no meio do caos que
se instalou no mundo com o atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center, em
11/09 daquele ano. A mensagem, entendo, continua válida. Segue, pois, tal como
o escrevi então:
“Já vamos para duas semanas
em que não se fala de outra coisa. Parece que para todo lado que eu olho vejo
fumaça, poeira, explosões, sangue, pavor, ou então homens de turbante brandindo
metralhadoras, homens de terno com aspecto grave falando apressada e
energicamente aos microfones.
Já vamos para duas semanas
em que velhos ódios, guardados com algum cuidado em caixinhas nas gavetas de
meias, são tirados para fora sem pudor e com a força que têm as coisas
fermentadas na surdina durante muito tempo. Velhos desprezos reciclados.
Velhos preconceitos
reeditados, renovados, reforçados.
Fala-se de guerra, fala-se
de perseguição, novos atentados. Ninguém se sente absolutamente seguro, pois o
inimigo pode bem morar ao lado, sorrir pra você de manhã, mas no recôndito de
sua consciência alimentar ideias assassinas.
E do meio desse monte de
poeira, sangue, lágrimas e medo, eu comecei a ouvir um choro. Mas é um tipo de
choro bom, choro feliz. Foi com este e-mail:
"Fazendo jus ao lugar
que vocês ocupam em nossos corações, estamos lhes avisando em primeira mão do
nascimento de Marina Cestari Menegusso, hoje às 18:30, com 3,410Kg e 50cm, no
Hospital Adventista de São Paulo. Conforme esperado, ela é linda (puxou o
joelho da mãe), desinibida (nasceu peladinha), sociável (chora pra todos
indistintamente), inteligente (já aprendeu a mamar) e logo mais estará
resolvendo os problemas do mundo."
A alegria de pai novo do meu
amigo Paulo foi um lembrete importante pra mim. É que no meio da desgraça e da
tragédia a gente tende a começar a achar que a morte é a regra. Que a morte é
natural. O choro da Marina, que eu só imaginei, não me deixou esquecer que no
Universo de Deus, VIDA é a regra e morte é a excrecência, a exceção maldita que
inventamos. No meio da realidade pensada por Deus, morte é um vírus, só existe
espaço pra vida. A Marina foi quem veio e me disse: a morte não estava no
programa. Morte, você é muito chata, mas seus dias estão contados!
Pode ser que essa menina não
resolva os problemas do mundo, Paulo, mas começou bem.“
Faça
uma força para ouvir e fique do lado da regra, não da exceção.
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