terça-feira, 11 de setembro de 2012

Vida e morte, Marina

Eu vim para que tenham vida.
João 10:10

Vasculhando meus papéis encontrei algo que escrevi no final de setembro de 2.001, no meio do caos que se instalou no mundo com o atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center, em 11/09 daquele ano. A mensagem, entendo, continua válida. Segue, pois, tal como o escrevi então:

“Já vamos para duas semanas em que não se fala de outra coisa. Parece que para todo lado que eu olho vejo fumaça, poeira, explosões, sangue, pavor, ou então homens de turbante brandindo metralhadoras, homens de terno com aspecto grave falando apressada e energicamente aos microfones.

Já vamos para duas semanas em que velhos ódios, guardados com algum cuidado em caixinhas nas gavetas de meias, são tirados para fora sem pudor e com a força que têm as coisas fermentadas na surdina durante muito tempo. Velhos desprezos reciclados.

Velhos preconceitos reeditados, renovados, reforçados.

Fala-se de guerra, fala-se de perseguição, novos atentados. Ninguém se sente absolutamente seguro, pois o inimigo pode bem morar ao lado, sorrir pra você de manhã, mas no recôndito de sua consciência alimentar ideias assassinas.

E do meio desse monte de poeira, sangue, lágrimas e medo, eu comecei a ouvir um choro. Mas é um tipo de choro bom, choro feliz. Foi com este e-mail:

"Fazendo jus ao lugar que vocês ocupam em nossos corações, estamos lhes avisando em primeira mão do nascimento de Marina Cestari Menegusso, hoje às 18:30, com 3,410Kg e 50cm, no Hospital Adventista de São Paulo. Conforme esperado, ela é linda (puxou o joelho da mãe), desinibida (nasceu peladinha), sociável (chora pra todos indistintamente), inteligente (já aprendeu a mamar) e logo mais estará resolvendo os problemas do mundo."

A alegria de pai novo do meu amigo Paulo foi um lembrete importante pra mim. É que no meio da desgraça e da tragédia a gente tende a começar a achar que a morte é a regra. Que a morte é natural. O choro da Marina, que eu só imaginei, não me deixou esquecer que no Universo de Deus, VIDA é a regra e morte é a excrecência, a exceção maldita que inventamos. No meio da realidade pensada por Deus, morte é um vírus, só existe espaço pra vida. A Marina foi quem veio e me disse: a morte não estava no programa. Morte, você é muito chata, mas seus dias estão contados!

Pode ser que essa menina não resolva os problemas do mundo, Paulo, mas começou bem.“

Faça uma força para ouvir e fique do lado da regra, não da exceção.

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