sexta-feira, 6 de julho de 2012

Para ser grande


Nesse mundão há um monte de pessoas com características positivas marcantes. Há os caridosos, os desinteressados, os gentis, os corajosos, os perseverantes, os conhecedores de teologia, os amorosos, os dedicados, os comprometidos e uma infinidade de outros. Mas quando Satanás chegou na presença de Deus após “rodear a Terra e passear por ela” (Jó 1:7), foi para um homem “íntegro, reto e que se desvia do mal” (verso8) que Deus apontou. Esse foi o grupo de qualidades que mereceu destaque especial. Deus não perguntou a Satanás se ele havia visto o mais caridoso, o mais corajoso, o mais dedicado nem o mais devoto, mas se havia visto alguém que era íntegro e que se desviava do mal.

Esse fato curioso é provavelmente reflexo de debates anteriores entre Deus e Satanás. A controvérsia que surgiu entre eles tem a ver com integridade, com coerência e com a disposição para se desviar do pecado. E, curiosamente, essas qualidades não tem uma ligação direta com teologia.

No final do primeiro capítulo de Jó o vemos atribuindo a Deus as desgraças que lhe ocorreram. Ele não sabe, como nós, que o autor de todas aquelas tragédias fora Satanás, e não Deus. Mesmo assim, aos olhos do injustiçado Deus, “Jó não pecou”.

Jó não apenas tinha um conceito errado sobre Deus, mas também sobre si próprio. É muito frequente termos uma noção distorcida sobre nós mesmos quando nossa visão de Deus é tacanha. No final do livro, quando Deus lhe apareceu e conversou com Ele, sua reação foi: “Com os ouvidos eu ouvira falar de ti, mas agora te veem os meus olhos. Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:5 e 6). Ou seja: quando Jó percebeu que o conceito que tinha de Deus era pequeno e limitado demais, quando Ele se viu face a face com o Criador, percebeu que o conceito que tinha de si próprio era distorcido, pois no contraste com Deus só lhe restava “arrepender-se” e “abominar-se”.

Mas com toda essa ignorância, Jó não deixava de ser um homem reto, temente a Deus e que se desviava do mal. E era isso de que o próprio Deus se orgulhava. Era isso o que Ele procurava e queria ver em criaturas Suas.

Para sermos grandes é preciso apreciar a grandeza. Nunca seremos grandes mirando no que não é grande. Nunca seremos grandes sendo pessoas fragmentadas, partidas, divididas. Porque a integridade, a inteireza, é a característica número um da grandeza. Deus nos quer íntegros e sem mais incoerências internas. Ele está colocando à nossa disposição hoje o poder para não precisarmos abandonar nossos princípios conforme os ventos soprarem mais fortes. Ele fez o que era necessário para não precisarmos abrir concessões morais sufocadas sob uma montanha de desculpinhas esfarrapadas.

Antes, muito antes da melhor teologia e das outras boas qualidades todas, é preciso buscar o Senhor de todo o coração. Todo o coração significa o coração inteiro, o coração íntegro. E o que vem na esteira disso é a mais genuína e desejável das grandezas!

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