sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Nostalgia da ditadura

Para minha geração, que foi educada num ambiente em que os formadores de opinião eram os torturados, a ditadura militar é a própria encarnação do mal. Curioso, então, tropeçar de quando em vez em pessoas mais velhas que suspiram com nostalgia pela ditadura. Aquele tempo é que era bom, dizem eles. Havia investimento em infraestrutura no país, os governantes eram mais sérios, etc e tal. Colocados na balança a liberdade de pensamento e expressão e o estado de direito de um lado e, de outro, essas virtudes da ditadura, lhes parece bem melhor o antigo estado de coisas.

Os hebreus recém libertos de uma escravidão de quatro gerações também suspiraram com saudades da tirania. Entre a liberdade e a dignidade de um lado e carne com cebola de outro, lhes pareceu bem melhor o antigo estado de coisas.

Você conheceu a verdade e ela o libertou da tirania (“conhecerei s a verdade e a verdade vos libertará” João 8:32) e agora você coloca na balança a liberdade genuína contra as delícias da ditadura. Era mais fácil, então. Você não tinha que fazer escolhas morais, bastava se deixar levar pela maré. Você podia engrossar o cordão dos que descem a ladeira no bloco de carnaval. Era só copiar os outros, sem dilemas ou conflitos internos. Fácil. Divertido. Quem disse que a liberdade é tão divertida quanto a ditadura e a escravidão?

Jesus Cristo não nos libertou para coisas pequenas. Ele nos chamou a ansiar coisas melhores. Você pode ficar com música, cinema e literatura ruins, mas Ele o chamou para coisas mais altas. Você pode ficar com comida ruim, mas Ele o chamou para desejar algo mais elevado. Você pode ficar com relacionamentos superficiais e destrutivos, mas Ele o chamou para algo muito melhor. A liberdade de Cristo o liberta para poder ansiar coisas mais altas. Pode parecer menos interessante agora a liberdade e a dignidade do que carne com cebola, mas só quem experimenta a liberdade e nela mergulha com volúpia consegue ler a balança do jeito certo e ver que não há comparação justa entre as duas coisas. Por mais que você queira, um oratório de Bach será sempre milhões de vezes melhor que uma marchinha de carnaval.

Pare de suspirar com nostalgia da tirania. Jesus Cristo pagou com Seu sangue o preço de você poder querer muito, muito mais!

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