sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Super poderes

Mãe, começou o filho de 5 anos de uma amiga, o Jesus tem muito poder, não é? É, filho. Ele pode fritar uma pessoa com raios se quiser, não é, mãe? Ele pode dar um soco muito forte em alguém e voar, não pode? Enquanto a mãe pensava na resposta mais tecnicamente correta, ele chegou onde pretendia desde o começo: você acha que se eu pedir bastante Ele não pode me dar uns poderes, mãe?

A Bíblia diz que Deus distribui entre todos que O seguem alguns dons. Nas listas de dons que encontramos na Bíblia não achamos voar, fritar pessoas, super força, ficar invisível ou em chamas, para tristeza de meninos que curtem super heróis. Em lugar disso há coisas bem mais sutis como ensinar, orar e profetizar. Paulo diz que devemos procurar com afinco os melhores dons, mas há um risco grande aqui. Podemos estar buscando os dons com motivos muito parecidos com os do menino que quer superpoderes.

João é um bom exemplo a ser seguido, nesse contexto. Foram-lhe dado grandes dons. Ele pregava com poder, tinha um discernimento prodigioso do certo e do errado, conseguia julgar as pessoas com uma sabedoria sobrehumana. Multidões afluíam até ele para ouvi-lo falar e para serem batizadas por ele. Até que veio Jesus e aí a assistência de João começou a minguar. Seus seguidores disseram: ei, aquele que você batizou está fazendo concorrência para você! Ele respondeu: Convém que ele cresça e que eu diminua (João 3:30).

João sabia que seus dons tinham um propósito e esse propósito era apontar e engrandecer a Cristo. Muitos cristãos não sabem disso. Eles buscam “os melhores dons” porque são aqueles que os colocam em maior evidência. A popularidade e a fama que advém do exercício de dons espirituais podem ser tão sedutoras quanto as que vêm do exercício dos talentos mais mundanos.

Se não temos em mente o propósito dos dons, estamos em perigo de persegui-los por motivos mesquinhos e egoístas. Seu exercício será uma catástrofe, então. Oswald Chambers observou que “se você se torna uma necessidade para uma alma, você está fora da ordem de Deus... Bondade e pureza nunca deveriam atrair atenção para si próprios, mas deveriam simplesmente atuar como imãs que conduzem a Jesus Cristo”. Na mosca. O afã de ser especial, de ser imprescindível para alguém pode obnubilar nosso objetivo real. Nossos dons deveriam conduzir as pessoas a desenvolver uma relação pessoal com Jesus, passando a dependerem dEle e só dEle para tudo.

Ou, como João ilustrou: “O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim” (João 3:29). Que a noiva e o noive se beijem. Nosso papel é apresentá-los.

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