sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O segundo mandamento

O primeiro e maior mandamento é amar a Deus. O segundo, infelizmente, não é aquele do qual gostamos mais (aquele que conseguimos cumprir com um pé nas costas...); é um mandamento dos mais difíceis: "O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mateus 22:39 e 40).

O primeiro problema é justamente esse negócio de eu ser obrigado a amar. Amor é cada vez mais visto como uma coisa que brota espontânea, que não se pode controlar. Claro, a velha palavra amor é usada e abusada; você ama sua mãe, mas também ama pastel de queijo. Colocadas lado a lado fica evidente que, embora se empregue a mesma palavra, não se trata da mesma coisa, em absoluto. Bem, o primeiro problema se supera quando nos damos conta de que confundimos amor com paixão, com uma sensação. Amor não é sentimento, é algo bem maior que isso e não será amor – mas apenas um tipo de paixão - enquanto não passar pela razão. Enquanto não passar por uma decisão. Você decide amar. Você escolhe amar. Nesse sentido, o amor pode, sim, ser um mandamento.

Mas há um pressuposto para o amor do segundo grande mandamento: ele vem depois do amor do primeiro grande mandamento. É apenas nessa moldura que ele faz sentido. Paulo sabia bem disso: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus” (II Coríntios 4:5). Paulo servia e amava aos irmãos porque antes amava Jesus.

Como observa Oswald Chambers, “se estamos devotados à causa da humanidade, logo estaremos esmagados e de coração partido, porque vamos frequentemente encontrar mais ingratidão dos homens do que encontraríamos de um cachorro; mas se nosso motivo é amor a Deus, nenhuma ingratidão pode impedir-nos de servir a nossos irmãos... Quando percebermos que Jesus Cristo nos serviu a despeito de toda nossa mesquinharia, nosso egoísmo e pecado, nada que os outros nos façam poderá exaurir nossa determinação de servi-los em nome dEle”.

Há dois grandes textos bíblicos que servem para identificar os verdadeiros seguidores de Jesus. Um deles é este: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12). O outro é este: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35). Curiosamente, ouvi muito mais sermões e estudos bíblicos sobre o primeiro texto do que sobre o segundo.

Você quer seguir a Cristo? Agora você sabe claramente o quanto isso vai lhe custar. Você será obrigado a decidir amar. Você se verá na contingência de agir como quem já ama, mesmo que não "sinta" isso. Você terá que abrir mão do orgulho próprio, do que você chama de dignidade, do que você chama de senso de justiça, e trocar tudo isso pelo tipo de sentimento que Jesus teve pela humanidade que o escorraçou, açoitou, torturou e matou. Não há outro caminho. Mas é só neste caminho que há felicidade.

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