sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nova ordem

O que os discursos de posse dos últimos 4 presidentes norteamericanos têm em comum? Tanto Bush pai quanto Clinton, Bush filho e Obama, dois republicanos conservadores, dois democratas ditos progressistas, todos eles enalteceram a necessidade da criação de uma nova ordem mundial. É mais do que um chavão retórico; essa sutil conclamação a uma nova ordem mundial ecoa o discurso dos gurus da “nova era”, um tempo em que fronteiras regionais não fazem sentido, onde religião, raça e opção sexual não mais distinguem ninguém, exatamente como John Lennon sonhou em sua famosa “Imagine”.

Bem, você não altera a ordem mundial sem unir os povos em torno de algo. Em “Watchmen”, clássico da histórias em quadrinhos dos anos 80, a única forma de acabar com a guerra fria e a ameaça iminente de uma guerra nuclear é a simulação de um ataque alienígena. Inventa-se um inimigo comum a todos de modo que esquece-se as diferenças para fortalecer o contrataque. Claro que, para tornar mais verossímil e temível o inimigo comum, é preciso sacrificar a vida de alguns milhares de inocentes.

O ataque alienígena do mundo real aconteceu há 10 anos quando aquelas torres gêmeas no coração financeiro de Nova York ruíram. Com elas ruiu também uma parcela relevante do esteio econômico da maior economia do planeta. As seguradoras e as companhias aéreas não haveriam sobrevivido se a economia não fosse fortemente estimulada. Ela foi, com concessão de crédito barato a qualquer um, mesmo quem não tinha condições de pagar; deu certo por um tempo, a economia cresceu entre 2003 e 2008, quando, contudo, a loucura cobrou seu preço. Bancos falindo e a inauguração de uma era aparentemente extensa de recessão.

Paralelamente à concessão de crédito fácil, a opção norteamericana foi por inventar uma guerra absolutamente sem sentido onde se enterraram trilhões de dólares, boa parte deles caindo nos bolsos de aliados do regime. Ditaduras aparentemente perenes na Arábia começam a ruir e ninguém sabe pelo que serão elas substituídas, mas isso ajuda a criar a noção de progresso, de avanço, de paz e fraternidade. No Brasil e nos outros BRICS a economia tem um sopro inédito de sucesso, fomentando a ilusão de que o eixo de poder no mundo começa a se inclinar em nosso favor e de que poderemos viver num futuro próximo de forma tão irresponsável quanto os norteamericanos nas últimas décadas, consumindo de forma absolutamente insustentável.

A nova ordem mundial tem sido inaugurada de formas muito estranhas. Esquisito pensar que ela será apressada com guerras inventadas ou com essa economia em que a conta não fecha.

Enfim, precisamos é não esquecer de uma verdade com o selo de autenticidade de Jesus: nova ordem de fato, e para melhor, será inaugurada por Ele em Seu retorno. Que será breve, espero.

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