sexta-feira, 4 de março de 2011

O fim do ciclo

O ódio é um moto-contínuo. Emerson Eggerichs, conselheiro matrimonial e autor de “Amor e Respeito”, escreve sobre o que ele chama de “o ciclo insano” que ocorre em muitos casamentos. Trata-se de um círculo vicioso, uma aspiral descendente ocasionada pelo fracasso do homem em mostrar amor pela mulher e do fracasso da mulher em mostrar respeito pelo marido. Porque o marido não é respeitado, não mostra amor, e porque a mulher não se sente amada, não consegue respeitar.

Philip Yancey, em “Maravilhosa Graça”, descreve um outro ciclo parecido, o ciclo do ódio. A guerra dos Bálcãs, nos anos 90, que contrapôs bósnios, sérvios e croatas, o massacre dos tutsis pelos hutus, em Ruanda, em 1994, e tantos outros conflitos históricos e que vemos diariamente no noticiário são exemplo didático do que é isso. O conflito entre tutsis e hutus é uma longa história, em que a cada eclosão uma das etnias é que se sai melhor. O conflito na antiga Iugoslávia é ainda mais antigo e o massacre dos anos 90 foi o troco do massacre sofrido com a ajuda dos alemães na II Guerra Mundial. Em todos esses casos, a mágoa e o ressentimento pela injustiça sofrida são fermentadas, às vezes por gerações, até que a oportunidade para dar o troco apareça. O troco, é a reivindicação de um direito. É a perseguição da justiça.

Sabemos que a cidadania envolve o povo ser consciente de seus direitos e estar disposto a reivindicá-los. Nenhuma nação civilizada chega a tanto sem isso. O problema é que em algumas situações talvez reivindiquemos direitos demais.

Certa vez eu presenciei uma cena bastante didática: estava em um avião, esperando a partida, quando um cidadão começou a reivindicar seus direitos. Pelo que entendi, a moça que o atendeu no check in garantiu-lhe assento na primeira fileira. Logo, ele, como consumidor, tinha o direito a se acomodar na primeira fila. Acontece que ao ele chegar, bastante depois dos demais passageiros, encontrou a primeira fila tomada, porque os comissários de bordo haviam acomodado uma senhora idosa ali. Aquele cidadão, que eu conhecia por ele ser o presidente da Ordem dos Advogados, fez um tal escarcéu que, além de a partida ter sido atrasada em muitos minutos, só foi possível quando a senhora idosa se levantou e acomodou-se numa poltrona mais estreita em uma das filas mais atrás.

O que quebra o ciclo insano e o ciclo do ódio é o perdão. Perdão foi definido como “abster-se de qualquer reivindicação”. Deixar de exigir aquilo que parece direito. Odiamos isso, pois nos parece injusto. Significa a esposa respeitar alguém que não merece respeito, o marido amar uma mulher que sequer lhe respeita. Significa estar ao lado de alguém como se ele não lhe houvesse ferido terrivelmente.

Jesus Cristo disse: "se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me" (Marcos 8:34). Negar-se pode parecer injusto. Afinal, você tem direitos. Mas a justiça dos homens é anos-luz distante da divina. Ele veio aqui e fez tudo de um jeito diferente daquele que você e eu costumamos achar mais adequado.

Se você quiser segui-lO, tem que fazer as coisas do jeito que Ele fez. Na maior parte das ocasiões isso é muito, muito difícil, mas peça ajuda a Ele e quebre o ciclo do ódio.

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