sexta-feira, 18 de março de 2011

As disciplinas

Vivemos numa época de emoções instantâneas. Queremos remédios que dêem conta do recado em um dia ou dois, filmes que comecem a 150 km/h, pregadores que nos coloquem diretamente no trono de Deus em meia hora. Talvez você planeje ir à igreja este final de semana e talvez você torça para que o pregador seja do tipo que arrebata as platéias e lhe faça sentir que sua vida mudou daquele instante em diante. Não há problemas em querer isso, você é fruto do seu tempo, mas seria interessante pensar um pouco se essa expectativa é legítima. Pelos séculos afora, chegar junto ao trono de Deus, sentir que sua vida foi radicalmente alterada, que você foi transformado, tem sido algo que começa num instante mas que toma a vida inteira.

Estou convencido de que, muito mais do que pregadores eletrizantes, precisamos de gente que viva profundamente sua fé. Gente que não se contente com emoções rasteiras, gente que tenha “fome e sede de justiça”. Porque temos alimentado a ideia totalmente equivocada de que uma vida de companheirismo extremo com Cristo é coisa para os gigantes místicos da fé, gente que se isola numa caverna. Mentira. Conhecer a Deus é privilégio de todos e Ele quer que o façamos assim mesmo, em meio a nossas lutas diárias, convivendo com cônjuge, filhos, chefe, colegas de trabalho, colegas de engarrafamento, vizinhos, familiares, amigos.

Milhões de pessoas o fizeram antes de nós. Somos, portanto, sortudos, porque eles nos deixaram relatos valiosos sobre como foi que conseguiram. Essa é uma das mais fascinantes facetas da igreja, possibilitar que o testemunho de pessoas semelhantes a nós seja conhecido e imitado. Bem, essas pessoas exercitaram o que se convencionou chamar de Disciplinas da Vida Espiritual. A premissa é simples: assim como exercícios físicos são importantes para uma condição física saudável, é importante se dedicar a alguns exercícios espirituais para que nossa relação com Deus seja também saudável, rica e transbordante, da forma como ela pode ser e como Deus quer que ela seja.

Evidentemente, não se trata de impor leis e regras que nos sufoquem. Jesus advertiu que nossa justiça deveria ser muito maior que a dos fariseus (Mateus 5:20), que era praticamente inalcançável aos olhos do público leigo. Difícil, alta, mas toda ela calcada em exterioridades. Era uma piedade, uma devoção religiosa toda constituída de coisas que os outros podiam ver e admirar. Era algo montado, portanto, para servir de espetáculo.

Para alcançar uma vida rica ao lado de Deus, você e eu precisamos de algo muito maior do que a casca. Precisamos de conteúdo. E conteúdo não se alcança com leis e regras, mas com um ato volitivo, uma decisão. As Disciplinas são consequência dessa decisão.

Meditação, oração, solidão, jejum, estudo, simplicidade, submissão, serviço, confissão, louvor e celebração são algumas das Disciplinas. Pretendo falar um pouco mais detidamente de cada uma nas próximas semanas. Até lá, considere que sua existência pode ser muito, muito mais substanciosa e rica do que tem sido até hoje. E não se exaspere porque isso não aconteceu ao ler estes seis parágrafos. Não prometemos soluções instantâneas!

Um comentário:

Marco Aurelio Brasil disse...

Por que reclamam que não dá pra por comentários aqui?