sexta-feira, 15 de julho de 2016

O pior do homem, o melhor de Deus

Pouco tempo - talvez uma semana- depois do furacão Katrina arrasar New Orleans, em agosto de 2005, lembro de ter ficado profundamente impressionado com uma entrevista feita por telefone como uma brasileira moradora da cidade, exibida numa rádio daqui. Era difícil acreditar que as cenas que ela descrevia estavam tomando lugar dentro da maior potência mundial. Falava de hordas de bandidos que aproveitavam o caos instalado para invadir, roubar, estuprar e matar. Falava de estupros e violência dentro do ginásio onde os desabrigados estavam instalados. Falava do medo, da falta de tudo, da sensação de abandono.

Na época escrevi que basta uma situação limite como a do furacão para que a velha natureza consiga botar sua cabeça hedionda pelas frinchas da casca de civilidade que afetamos ter, como um alien só esperando a ocasião se mostrar.

De fato, o homem em seu pior é capaz das mais arrematadas barbaridades. Em nome de Deus ele pode pegar um caminhão e sair atropelando inocentes, pode se explodir com eles ou pode (como fez ao menos um importante pastor evangélico americano) ficar feliz com o atentado numa boate gay, afirmando que o atirador fazia o trabalho de Deus. Especialmente numa situação limite, quando as coisas faltam, você e eu temos essa besta querendo aparecer, e que dizer das tantas e tantas vezes que ela assume o controle sem nem notarmos, nos levando a cultivar hábitos destrutivos, nos convencendo a se conformar com o inconformável em nós?

Bem, Philip Yancey cita John Marks, produtor do prestigiado programa de TV americano Sixty Minutes, que escreveu um livro sobre uma pesquisa de dois anos que ele fez sobre os evangélicos. "A resposta da igreja ao furacão Katrina provocou para ele uma reviravolta e se tornou uma forte razão para crer. Uma igreja batista de Baton Rouge alimentou 16 mil pessoas por dia durante semanas; outra abrigou 700 que tiveram de deixar suas casas. Mais outra igreja funcionou como ponto de distribuição para 56 igrejas, e igrejas de estas vizinhos enviaram regularmente equipes de ajuda humanitária para a reconstrução de casas durante anos, muito tempo depois que a ajuda federal se havia esgotado." O discurso evangélico enojava Marks, mas sua ação quando outros se omitiam ou, pior, pilhavam e saqueavam, falou mais alto que qualquer discurso.

Quando o homem tem a ocasião perfeita para mostrar seu pior, Deus tem a ocasião perfeita para mostrar o Seu melhor. E, por absurdo, escandaloso e contra producente como possa parecer, o melhor de Deus somos você e eu.

Não estou falando de New Orleans, Nice, Paris, Darfur, Somália ou Síria, mas de um certo país em crise da América do Sul. Estou falando de onde você está. Aí mesmo, amigo, você é o melhor de Deus. Ele livremente escolheu abster-Se de tomar a frente, respeitando nossa (da humanidade)  escolha por mantê-lO longe, e abriu caminho para ser representado por criaturas minúsculas como nós aqui. Nós, os que temos aquele alien querendo assumir o controle todo tempo. Nós, que fomos salvos e redimidos, mergulhados nas águas e renascidos novas criaturas em Cristo.

Seja tudo que pode ser.

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