sexta-feira, 22 de maio de 2015

O inimigo secreto

"E aí, como vai essa força?" "Como está a luta?" Expressões cotidianas como essas e tantas outras revelam esse sentimento de estarmos numa batalha incessante. Estamos todos lutando, mas contra quem?

Por toda a carta aos efésios, Paulo diz que podemos celebrar e agradecer pela salvação e pelo que ela fez em nossa vida. A salvação mudou tudo. Já agora podemos pensar diferente, sentir diferente, andar numa direção diferente da do resto do mundo todo, eleger prioridades diferentes.

Aí, no finalzinho da carta, ele foca em algumas relações específicas. Ele diz que o marido cristão ama a sua mulher, e não com um amor banal qualquer, com um amor igual ao que Cristo mostrou pela igreja, ou seja, um amor de autonegação e sacrifício. As mulheres devem ser submissas a esse homem que as ama e a razão está no verso 33 do capítulo 5 quando, ao resumir esse conselho, ele diz que o homem deve amar a mulher e a mulher respeitar o marido. Porque a mulher precisa ser amada e o homem precisa ser respeitado. Assim fazendo, o casal estará atendendo às necessidades emocionais mais profundas um do outro.

Paulo então diz que os filhos devem obedecer e respeitar os pais, como ordena o mandamento, ao passo que os pais devem abster-se de irritar os filhos, aconselhando-os e dirigindo-os com amor. Segundo o novo código civil brasileiro, todo contrato deve ser regido pela "boa fé objetiva", que é um conjunto de comportamentos anexos ao contrato e que envolve inclusive ajudar a outra parte a cumprir a sua parte. Acho que é algo assim que Paulo pede dos pais: ajudem seus filhos a guardar o mandamento.

Por fim há os escravos. Ao se dirigir a estes, Paulo ecoa as palavras de Cristo a respeito de andar a segunda milha, etc. Sirva com amor. Sirva diferentemente da forma como escravos mortos espiritualmente fazem. E aos donos desses escravos, o conselho é: não use de ameaças, lembre que eles são pessoas por quem Cristo morreu assim como você. 

É nesse contexto que o apóstolo faz uma afirmação das mais interessantes: "pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes" (Efésios 6:12).

Pela nossa dificuldade de enxergar as coisas como elas realmente são (ou seja, por não conseguirmos enxergar pela ótica espiritual), temos a tendência de confundir a pessoa com o nosso inimigo. O cônjuge. O pai. O filho. O chefe. O empregado. 

Você respira fundo de manhã e diz: vamos pra luta. Você pensa nessas pessoas como antagonistas. Mas Paulo diz que você pode celebrar a salvação e pensar diferente e sentir diferente e andar numa direção diferente da do resto do mundo. Você pode lembrar que de fato há uma batalha acontecendo, mas o real inimigo é invisível, é espiritual, e se vence com forças espirituais, forças que você não tem mas que estão à sua disposição graças a Cristo Jesus.

O cristianismo faz essas relações tão cheias de conflitos mais fortes, mais unidas, mais coesas.

Pare de lutar a batalha errada. Pare de focar o alvo errado. 

Você pode ser diferente.

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