sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ai, que orgulho que dá!

Anos atrás ouvi esse irmão dizer que se nosso papel na salvação fosse aceitar o sacrifício vicário de Cristo, poderíamos nos ufanar de haver aceito. Poderíamos nos orgulhar de termos feito algo. Bem, me parece estranho imaginar que alguém pudesse se pavonear de haver sido alvo da graça. 

A preocupação com o orgulho é mais do que justificada. Ele é provavelmente o pecado mais destrutivo, porquanto o mais impossível de ser perdoado, porque é o tipo pecado que nos engana quanto a nossa real situação. O orgulhoso acha que nada lhe falta. Há pouca ou nenhuma chance do satisfeito consigo mesmo intuir a necessidade do Salvador. É o náufrago que rejeita a boia salvadora por se enxergar numa piscina.

Está na moda falar em vergonha alheia, a vergonha que você sente pelo mico que o outro está pagando. Bem, há decisões na vida que podem nos encher de júbilo, mas jamais de orgulho. Esta, particularmente, nos enche de uma sensação de "orgulho alheio". Ou, como escreveu Paulo, "mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gálatas 6:14). 

Eu posso me orgulhar da cruz de Cristo. Mais que isso, eu devo me orgulhar, de forma parecida como me orgulho do golaço que o atacante do meu time fez. Posso me orgulhar do tamanho do presente, mas jamais de o haver recebido. Como escreveu Bonar, "não precisamos temer uma grande graça. Uma pequena graça pode tornar um homem orgulhoso, mas nunca uma grande graça". O orgulhoso é aquele que jamais encarou de frente o tamanho da graça de Cristo, o tamanho do preço dela, a enormidade do caminho que Ele percorreu para salvar o que não queria ser salvo. Aí ele ganha dinheiro e se orgulha, ele consegue a admiração por falar bem em público e se orgulha, ele é bonito e se orgulha... O sujeito se orgulha dessas pequenas, vãs, transitórias graças. 

Há esse paradoxo na graça. Ela é tão gigantescamente descomunal que não pode incutir em quem a recebe senão humildade, gratidão e amor. Onde faltam essas três coisas, falta a percepção do que Cristo fez.

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