sexta-feira, 5 de abril de 2013

Um nome

Lá na escola tinha o Beção, o Peru, o Bacu, o Shao Lin, o It´s a Gay, a Marilú, o Meio Quilo e o Newman. Mais atrás sentavam o Tim Tones e o Salsão. A criatividade da molecada para atribuir apelidos a seus colegas era impressionante e a efetividade com que esses apelidos substituíam os nomes de batismo também. Com raras exceções eu não recordo o nome correto desses meus colegas de décadas atrás, mas uma coisa eu recordo bem: nenhum deles gostava muito de ser chamado pelo apelido.

Conheci um homem cuja esposa estava grávida do sexto filho. Ele a flagrou conversando com a mãe dela sobre como seria o nome do bebê. Sentindo-se alijado do processo de escolha do nome da própria filha (e com toda razão), ele simplesmente esperou o momento do parto e, na hora de registrá-la, em lugar de escolher o nome mais normal que a esposa e a sogra haviam escolhido, a registrou como alguma coisa parecida com Sherwin, só pra se desforrar.

Há esse paradoxo: o nome parece ter perdido sua importância simbólica, a ponto de muitos pais soltarem a imaginação e tascarem nomes esdrúxulos e sem significado algum nos filhos; por outro lado, há muita gente tentando trocar os nomes que receberam na Justiça e muita gente se sente desconfortável quando lhes atribuem um apelido e passam a chamá-los de outra forma qualquer. Afinal, o nome é importante ou não é?

Para Deus é. Ele Se preocupa em escolher, Ele mesmo, os nomes de João e Jesus. Ele muda os nomes de Jacó, Sarai, Abrão, Simão e Saulo, e os agora Israel, Sara, Abraão, Pedro e Paulo são pessoas completamente diferentes, com missões importantes e um futuro glorioso. Seu próprio nome é envolto numa aura de mistério que impõe reverência. Os hebreus não o escreviam, apenas redigiam quatro das letras que compunham seu nome real, YHWH (que se convencionou rechear de vogais para formar o som de Yaweh, ou Jeová), o que leva muita gente hoje a preferir escrever D-us com medo de, fazendo diferente, estar incorrendo em transgressão a um dos dez mandamentos, que ordena jamais tomar o Nome em vão. Quando Manoá e sua esposa perguntaram o nome do anjo que anunciava o nascimento de seu filho Sansão ele respondeu: "por que perguntam meu nome, visto que é um nome maravilhoso?" (Juízes 13:18).

Para Deus o nome é uma coisa especial. Encontro aí a razão pela qual a forma como nos chamam nos afeta, sempre. A razão pela qual quando alguém nos chama por "psiu" ou "ei, você aí" nos sentimos agastados. E é por isso que não entendo as músicas cristãs que evitam a todo custo mencionar o nome Deus ou, pior ainda, o nome Jesus, já que "não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4:12). Somos salvos por um nome. 

Quando Deus dá um nome novo para a pessoa, a vida passada dela toda é descartada, ela vive uma vida nova, muito mais alta. É por isso que tenho como inefável a promessa que Ele faz em Apocalipse 2:17: "Ao que vencer... darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito". Que nome será que Deus sonha em me dar? Eu quero descobrir.

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