sexta-feira, 29 de março de 2013
Cordeirinho da Páscoa, o que trazes pra mim?
E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Lucas 22:19
A primeira páscoa foi comida (ou comemorada, como queira), nos últimos instantes do cativeiro de 400 anos que a recém-nascida nação israelense sofreu nos domínios egípcios. Faraó não queria libertar os israelitas, o que trouxe nove pragas sobrenaturais sobre seu país. A décima e última praga seria nada menos que a morte de todo primogênito. Terrível.
Mas esse decreto não era absoluto; havia uma forma relativamente simples de evitar as consequências funestas dele: bastaria sacrificar naquela noite fatídica um cordeirinho de um ano, sem nenhum defeito. O sangue desse animal deveria ser colocado nos batentes da porta da casa e então a família deveria comê-lo, já vestidos para sair. A casa que tivesse o sangue do cordeiro no batente não seria visitada pelo anjo que executaria a terrível praga final.
O Egito tem sido empregado como um símbolo da escravidão do pecado. A páscoa, portanto, nasceu como uma comemoração da libertação do cativeiro, de tudo o que nos aprisiona, nossos vícios, nosso egoísmo, nossos hábitos e gostos mortais.
Então veio Jesus, o "Cordeiro que tira o pecado do mundo", e a páscoa adquiriu um novo significado. Foi na Páscoa que Ele foi sacrificado, como aquele cordeiro cujo sangue era aplicado aos batentes das portas da primeira páscoa.
É que por mais terrível que tenha sido a praga final do Egito, pior ainda é a praga que está determinada sobre toda a raça humana. "O salário do pecado é a morte". Estamos fadados a morrer. Mas há uma forma de fugir dessa sentença e para isso a primeira páscoa é muito didática. Note, apenas matar um cordeiro não adiantava de nada para as famílias do povo de Israel. Era preciso fixar o sangue desse cordeiro na porta da frente da casa, de modo que o anjo de Deus, passando, visse o sinal e não entrasse naquela casa, trazendo dor e pranto, executando o juízo do decreto que fora baixado pelo Rei do Universo.
Da mesma forma, o fato de que Jesus Cristo foi morto há coisa de 2000 anos, e de que Seu sangue inocente foi covardemente derramado não adianta de nada se você não faz dele uma aplicação pessoal, se você não toma esse sangue nas suas mãos e o fixa nos batentes da porta da frente do seu coração. É preciso que esteja patente. É preciso que ninguém tenha dúvida quanto a você obedecer ou não a esse Deus da vida, por estranhas que pareçam Suas ordens! É preciso que você decida aceitar o livramento.
A páscoa é, portanto, um momento de escolha. Ao comer Sua última páscoa nesse mundo, Cristo disse que vai comer uma outra páscoa um dia, no Céu, com todos os que escolheram fazer a aplicação pessoal do sangue derramado por Ele. A páscoa vai final vai ser a comemoração da libertação completa e eu quero estar lá.
Boa Páscoa para nós! Boas decisões... Porque, não nos enganemos, nós temos de tomá-las. Todos temos.
sexta-feira, 22 de março de 2013
A besta que mora dentro
**Atenção! Este texto contém conteúdo adulto.
O que você faria se atropelasse com seu automóvel um ciclista? Bem, digamos que você decidisse não parar para socorrê-lo. O que você faria se, centenas de metros adiante, notasse que há um braço separado do corpo pendurado em seu para brisa? O estudante de psicologia Alex Siwek decidiu arremessar o membro ao rio, acabando com as chances de reimplante para o ciclista.
O que você faria se encontrasse uma senhora idosa desmaiada na calçada? Bem, um homem aqui da região do Capão Redondo, em São Paulo, achou que seria uma boa oportunidade para abusar sexualmente dela.
O que você faria se estivesse sendo julgado por ter cometido uma chacina em uma escola? Qual seria sua atitude? Bem, T. J. Lane, agora com 18 anos, apresentou-se ao tribunal com uma camiseta branca sobre a qual escreveu à mão "killer" e passou o julgamento inteiro com um sorriso sardônico. Ao final, pediu a palavra. O que você diria em seu lugar? Qual seria a moral da história, como gostaria de aproveitar esse momento em que os holofotes estão sobre você? Bem, Lane, olhando diretamente para os pais das suas vítimas, disse: "Quero que vocês saibam que a mesma mão que puxou o gatilho que tirou a vida dos filhos de vocês é a que me masturba pensando nisso. F**** you" e então mostrou o dedo médio.
Poderíamos apagar essas três cenas chocantes da cabeça repetindo para nós mesmos que se trata de uma coincidência de fatos protagonizados por pessoas disfuncionais. Pontos fora da curva. Exceções à ampla regra da civilidade, do humanismo reinante e da razoabilidade. Será? Achei curioso ao ligar o rádio do meu carro em um programa desses que mistura esportes com humor e ouvir uma longa discussão entre os participantes não sobre o Corinthians ou a Seleção Brasileira, mas sobre o que está acontecendo com o ser humano. Alguma coisa está muito errada, diziam eles.Não é sintomático que Lane tenha uma legião de fãs na Internet, meninas que o chamam de herói e que adorariam estar na cela com ele?
Com incômoda frequência temos tido lembretes de que por sob o verniz de evolução cultural civilizatória de pessoas até então absolutamente normais existe uma besta, um animal selvagem capaz de se revelar quando menos se espera. Temos sido lembrados de que há algo no íntimo que cheira mal, muito mal. Sinto esse cheiro no metrô, em um restaurante chique, na igreja e até mesmo na solidão de meu escritório.
Para a mente pós-moderna, a noção de que precisamos de um Salvador é estranha. Não faz sentido. É talvez por isso mesmo que ela é muito mais urgente hoje do que já foi em qualquer outro tempo. Salva-me, Senhor, do que há dentro de mim!
sexta-feira, 15 de março de 2013
Safra nova
Alguns amantes de vinho são entusiastas de safras
específicas. Gostam de certas marcas engarrafadas no ano tal. Alguns cristãos
também são assim e sua religião é da safra do que chamam de “bons e velhos
tempos”, sejam eles quais forem. Mas é curioso notar que Deus não parece ser
assim tão apegado às formas do passado.
Quando
o povo de Israel deixou o Egito, Deus lhes deu orientações bem específicas
quanto à forma como deveriam se relacionar com outros povos. Embora eles
estivessem comissionados a ser "uma benção para todas as nações",
deveriam exterminar as nações que então ocupavam Canaã e evitar qualquer
influência deles. A religião do começo do Velho Testamento era uma religião de
se enclausurar, porque de alguma forma "ser uma benção para todas as nações"
envolvia passar algum tempo fincando raízes e se tornando uma nação com
personalidade própria.
Aí
vem o Novo Testamento e faz com que os cristãos sejam testemunhas em Jerusalém,
na Judeia, na Galileia, em Samaria e até os confins do mundo. Por outras
palavras, a ordem no Novo Testamento não era "isolem-se", mas
"espalhem-se". Se a ordem do velho testamento era "sejam
diferentes para que as pessoas quem passarem por vocês (era obrigatório passar
por ali, Canaã estava no centro das principais rotas comerciais da antiguidade)
queiram saber de onde vem essa diferença", a ordem do novo testamento foi
"saiam por aí fazendo discípulos e pregando o evangelho por onde vocês
andarem". Por outras palavras, a religião recomendada por Deus mudou!
James
Emery White faz a seguinte provocação em "Rethinking the church": se
você pegar uma escala de 1 a 10 em que 10 é uma pessoa totalmente familiarizada
com Deus e a fé e 1 uma pessoa totalmente secularizada e aplicar essa escala
nas pessoas que não frequentavam igrejas há 40 anos, vai encontrar pessoas que
atingiriam ali um número 8, já que a maioria delas conhecia os rudimentos do
cristianismo, sabia quem era Jesus, tinha uma visão positiva dos líderes
religiosos e da igreja. Assim, pregar o evangelho para elas com duplas batendo
de porta em porta e séries evangelísticas em que uma fria exposição do
evangelho acompanhada de um apelo e sem maior envolvimento do pregador com
essas pessoas costumava funcionar. As pessoas já conheciam Jesus, só precisavam
de um empurrãozinho. Hoje essa estratégia redunda em sonoro fracasso, porque as
pessoas não estão mais no 8, mas no 3 da escala.
A
igreja não atinge seus propósitos aferrando-se às técnicas que costumavam
funcionar nos "bons e velhos tempos".
De
que safra é a sua religião? Quais coisas você entende serem inegociáveis nela e
estão na verdade impedindo você de cumprir sua missão?
sexta-feira, 8 de março de 2013
Legado
Eu era ainda praticamente um
adolescente quando me fizeram a pergunta: o que você gostaria que estivesse no
seu epitáfio? Um tanto mórbida, sim, mas viver ignorando a morte (a única coisa
que atinge 100% dos seres humanos até hoje, com raras exceções nas Escrituras)
é um tipo de cegueira difícil de justificar. Quem fazia a pergunta era uma
psicóloga que comandava uma dinâmica de grupo e o grupo era grande e a sensação
de todos aqueles olhos sobre mim provocava o estranho calor que sobe pelo
pescoço e parece que queima as faces. “Amou e foi amado”, eu disse, por fim. Eu
era ainda praticamente um adolescente, mas agora, vinte anos depois e sem todos
aqueles olhos sobre mim, reafirmo o acerto da resposta.
Sob o ponto de vista humano,
poucos epitáfios seriam tão desejáveis quanto o de Hugo Chavez. Idolatrado por
seu povo, neste momento há ainda filas quilométricas de excitadíssimos
admiradores desejosos de se aproximar do esquife. Menos comoção provocou o
sepultamento do cantor Chorão. Menos mas não pouca. Foi um dos principais
interlocutores de duas ou três gerações de jovens, e isso não é algo que se
ignore.
Não invejo, contudo, Chávez
ou Chorão pelo legado que deixam, o que é curioso, porque o epitáfio deles
poderia ser o mesmo que o que queria para mim. Também amaram e foram amados. No
entanto, quando pensei, vinte anos atrás, nessa frase para estar na minha
lápide, tinha em mente o amor em uma circunscrição mais reservada, mas de
longevidade bem maior. O que eu queria – e quero - era a sensação de descansar
das lutas desta vida deixando no coração de algumas pessoas, possivelmente não
muitas, um desejo incontido de reencontro e, mais que isso, a certeza dele.
É evidente que não se alcança
um tal legado vivendo como se fosse o centro do Universo. É evidente que não se
constrói um legado assim alimentando as mesquinharias do ego e as vaidades da
alma. É evidente que não se alcança nada disso longe dAquele que pode plantar
em nossas obras a semente da eternidade.
Se depois de completada a
carreira deste lado da eternidade eu tivesse uma lápide e sobre ela houvesse um
epitáfio, gostaria que ali estivesse gravado “amou e foi amado”. E que no
coração dos que foram amados e amaram ecoasse o sussurro do Pai: “e continuará
sendo”.
Este é o tipo de legado que
gostaria de deixar.
Sugiro que você acompanhe esta mensagem com este vídeo:
sexta-feira, 1 de março de 2013
Venham e vejam
“No dia seguinte, João estava outra vez ali, na
companhia de dois dos seus discípulos. Quando ele viu Jesus passar, disse: Eis
o Cordeiro de Deus. Os dois discípulos ouviram-no dizer isto e seguiram a Jesus.
Jesus, voltando-se e vendo que eles o seguiam, perguntou: Que buscais? Eles
disseram: Mestre, onde moras? Respondeu-lhes: Venham e vejam. Foram, e viram
onde morava, e ficaram com ele aquele dia. ... A primeira coisa que Andre fez
foi achar a seu irmão Simão e dizer-lhe: achamos o Messias” (João 1:35-41).
Foi assim
que começou o núcleo do que viria a ser a primeira igreja cristã. Logo em
seguida João relata que Jesus aproximou-se de Filipe e disse apenas: “segue-me”,
e Filipe tomou a iniciativa de chamar Natanael assim como Andre chamara seu irmão
Pedro. Esses homens todos entraram para a Historia como “os discípulos” e é curioso
que a última instrução dada por Jesus a eles tenha sido “vão e façam discípulos”
(Mateus 28:19). Os discípulos deveriam fazer mais discípulos. Esta era a
principal missão da igreja, esta continua sendo a principal missão da igreja
hoje.
O problema é
que tentamos seguir as ordens do Mestre utilizando outra metodologia além da
que Ele mesmo usou. Nós nos aproximamos das pessoas e dizemos: você quer ser um
discípulo? Então vamos fazer com você uma série de estudos bíblicos ao cabo da
qual, se você concordar com absolutamente tudo, você poderá vir e juntar-se a nós.
Precisamos desesperadamente
descobrir uma forma de, no século XXI, descobrir como dizer “venha e veja” e
como dizer “segue-me”, “ande comigo”, “fique por perto”. Não é exatamente a
sequência de versos bíblicos que sabemos
de cor que transforma pessoas distantes de Cristo em discípulos, mas a forma
como todos esses versos são colocados em prática nas situações ordinárias do
dia a dia. É a forma como todo esse conhecimento determina um comportamento
diferente nas encruzilhadas da vida que transforma almas perdidas em discípulos
do Mestre.
Ninguém consegue
isso sem ter sido um discípulo primeiro. Primeiro, portanto, vá e veja. Depois
convide pessoas a virem e verem elas também.
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