No primeiro
século, um pequeno e nada influente grupo de pessoas começou a espalhar uma
estranha mensagem. Dizia respeito a um deus que havia sido morto por homens e
que depois havia ressuscitado. A hipótese era inédita e por isso mesmo absurda.
A esperança que uma tal mensagem fornece não é tão intuitiva, não é, por assim
dizer, fácil. Mesmo assim, aquilo se espalhou de modo viral. O pequeno grupo,
num espaço curto de tempo, se tornou um grande grupo, capaz de incomodar o stablishment e de alcançar pessoas por
todo o mundo helenizado.
No vigésimo
primeiro século, um novo e espetacular meio de comunicação é inventado e
popularizado. Quebrando paradigmas seculares, agora qualquer particular, por
simples e humilde que seja, tem voz e pode falar a milhões de outras pessoas. Pode-se
dizer que pela primeira vez na História é possível saber o que o mundo inteiro
está falando, no que está pensando e o que está passando adiante, e a resposta
é: fotos de gatos, gangnan style, memes, inócuos protestos políticos e frases
de autoajuda.
Em “Acredite,
estou mentindo”, Ryan Holiday, um assessor de imprensa americano que se
apresenta como “manipulador de mídias”, conta como consegue tornar assuntos de
seu interesse virais, alavancando filmes inexpressivos e personalidades
obscuras. “Em 2010”, ele conta, “dois pesquisadores da Wharton School
examinaram mais de 7 mil artigos que chegaram à Lista dos Mais Enviados por
E-mail do New York Times (...) De
acordo com o estudo, ‘o mais forte preditivo de virulência é a quantidade de raiva que um artigo evoca’
(...) Os pesquisadores descobriram que,
embora a tristeza seja uma emoção forte, ela é totalmente antiviral. Tristeza,
como a que sentimos ao ver um cachorro abandonado tremendo de frio ou um
sem-teto esmolando dinheiro, é uma emoção não estimulante. (...) As coisas
devem ser negativas, mas não demais. O desespero e falta de esperança não nos
levam a fazer algo. Pena, empatia – estes nos motivam a fazer algo, como levantar
do computador e agir. Mas raiva, medo, excitação e riso nos fazem espalhar
conteúdo. Esses sentimentos nos impelem a fazer algo que nos faz sentir que
estamos fazendo alguma coisa, quando na realidade estamos apenas contribuindo
para aquilo que é, provavelmente, uma conversa superficial e absolutamente sem
sentido”.
Chegamos a
uma realidade em que, ainda que tenhamos uma verdade palpitante e a fonte de
nossas maiores esperanças, não a passamos adiante, porque isso não é o tipo de
coisas que as pessoas passam adiante. Elas passam adiante só coisas que os
outros podem sentir que fizeram algo clicando em “compartilhar” e mais nada.
Passar coisas que as façam meditar que talvez não estejam vivendo da maneira
correta é intrusivo e antipático, e não queremos que os outros deem um “não
curti” no que estamos replicando, porque aí seríamos bloqueados.
Acho que não
se trata de ser impertinente, mas de deixar claro o que é realmente importante
para você, não importando as consequências. Se trata de não esquecer que na
Bíblia existe este texto: “prega a
palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com
toda a longanimidade e doutrina” (II Timóteo 4:2).
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