sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O que aprendo com fraldas



Estamos há duas semanas de volta ao magnífico mundo das fraldas, mamadas, choros e arrotos aqui em casa. Para alegria de minhas noites, o item “choros” é o menos frequente nessa lista e a ela podemos agregar uma paixão descomunal. Há algo de totalmente especial no afeto que se sente por uma criatura que ainda não interage com você e que depende de você pra absolutamente tudo, não por ela ser dependente e por não interagir, mas por ela ser carne de sua carne e sangue de seu sangue, com o que mais de metafísico esteja contido nesse fato.
E graças a estas palavras de Donna J. Habenicht (em “Como ajudar seu filho a amar Jesus”, Casa Publicadora Brasileira), não tenho mais pressa para chegar à fase em que ele interagirá comigo. Percebi que estes dias são igualmente importantes na formação do caráter de meu filho. Veja:
“Aprender a confiar é um estágio inicial no desenvolvimento da personalidade. Todo crescimento posterior da personalidade repousa sobre o fundamento da confiança. Um bebê que se desenvolve normalmente aprende a confiar durante o primeiro ano de vida, enquanto adultos amorosos lhe suprem as necessidades e o convencem de que o mundo é um bom lugar, onde ele pode confiar nos outros. Naturalmente, a criança pode desaprender a confiar mais tarde, se a vida lhe trouxer experiências cruéis, nas quais tenha que desconfiar a fim de sobreviver.
Aí é que entra amamentar, fazer arrotar, dar banho e trocar fraldas. Aprender as lições espirituais de amor e confiança envolve muito mais do que abraços e beijos, embora estes sejam importantes. Para um bebê, amor é ter alimento quando está com fome, conforto quando sente medo e agasalho quando está com frio.”
O que me conduz a uma interessante conclusão a respeito da natureza do sofrimento em minha vida. De fato, amor e confiança são coisas que temos ocasião de sentir quando aparecem a fome, o medo, o frio. Fome, medo e frio, uma lista exemplificativa, e não exaustiva, seriam oportunidades para aprender quem é confiável e para experimentar confiança. O nenê não se revolta porque chegou a sentir frio, ele se regozija porque o frio foi aplacado pela mãe e passa a confiar nela incondicionalmente. Assim, muito embora tenhamos a ilusão de querer poupar todo o sofrimento de nossos bebês, é justamente a aparição do sofrimento, da falta, que eles estão aprendendo o que há de mais importante na vida.
Quando algo faltar, amigo, saiba que é a ocasião em que você está sendo convidado a dar um passo vital em sua salvação eterna: confiar.

Um comentário:

Urias E. Takatohi disse...

Pais escritores... sempre bom para quem recebe o compartilhamento.