sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O miolo


A comparação do número de divórcios entre casais cristãos e não cristãos é bem reveladora: é exatamente igual. Isso parece indicar que a religião não parece ter qualquer impacto maior sobre o relacionamento horizontal mais importante que existe, já que se mostra incapaz de fazê-lo perene (como ela prega que deve ser).

Também de quando em vez cai-me nos ouvidos histórias estranhas sobre irmãos de igreja. Práticas sexuais absurdas, envolvimento com tráfico de drogas, desonestidade nos negócios.

E há momentos em que me pego escandalizado pelo fato de encontrar nos meus irmãos de igreja práticas mais sutilmente hediondas, como inveja, má fé, maledicência, injustiça, cobiça, orgulho, vaidade e ganância.

Estou na igreja há muito tempo e há muito tempo escuto dizer que o cristão tem que ser diferente do “mundo”. Não podemos nos “conformar com o presente século”, não podemos entrar na mesma fôrma, temos que ser a luz do mundo e o sal da terra. O problema é que esse discurso vem costumeiramente acompanhado de um chamado a não usar o cabelo deste ou daquele jeito, a não usar esta ou aquela roupa, a não usar este ou aquele adorno e a não ouvir esta ou aquela música. Esse discurso, portanto, é direcionado para a casca mais exterior.

Romanos 8:19 diz que “toda a criação espera com expectativa que os filhos de Deus sejam revelados”(BV). Malaquias 3:18 afirma que vai chegar um dia em que “vereis a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não o serve”. Eu não preciso quebrar muito a cabeça para concluir que a revelação dos filhos de Deus e a exibição da diferença entre estes e os ímpios não reside na casca, mas no miolo, no interior: “Nisto conhecerão que sois meus discípulos”, afirma Jesus, “se vos amardes uns aos outros” (João 13:35).

O amor, amigos, e II Coríntios 13 não me deixa mentir, é totalmente incompatível com relacionamentos negligenciados, com o manejo leviano do sexo, com a apreciação da pornografia, com a ganância, o orgulho, a má fé, a inveja, a maledicência e todas aquelas coisas que já mencionei. Ele tem muito menos a ver com o corte de cabelo e o estilo musical que eu escuto, embora esses possam influenciar indiretamente naqueles.

Precisamos mirar nossos canhões no cerne da questão. Queremos parecer diferentes do mundo? Não há outra saída: precisamos ser diferentes antes. Caso contrário jamais a igreja causará impacto. Jamais olharão para nós admirados por havermos estado com Cristo. E, para ser diferentes não há outra fórmula além da que já está lançada: “Quando alguém está em Cristo, torna-se uma pessoa totalmente nova por dentro. Já não é mais a mesma pessoa. As coisas antigas já passaram e teve início uma nova vida!” (II Coríntios 5:17, Bíblia Viva).

P.S.: Hoje é dia das crianças, aquela coisa que se alguém não se tornar como ela, não verá o reino de Deus. Bem, uma coisa que uma criança não é, é dissimulada. O que ela parece ela é. Precisamos aprender com elas!

Nenhum comentário: