sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A terceira alternativa

E aqui estamos nós mais uma vez, pasmos com o que a televisão nos mostra, sem palavras ante a violência do que nossos olhos vêem. O rio e a montanha atravessam casas, derrubam prédios, soterram famílias inteiras. Nós estamos um pouco anestesiados contra a dor alheia, que visita nossos lares através dos noticiários todo santo dia, mas a tragédia na zona serrana do Rio é mais um chacoalhão para nos sensibilizar quanto ao sofrimento de nosso semelhante. E, claro, para nos lembrar que somos seres muito vulneráveis.

No dia 20/07/2007 eu escrevi aqui a pretexto do acidente do avião da TAM no aeroporto de Congonhas. Eu peguei aquele mesmo vôo no dia seguinte, então o sofrimento das famílias enlutadas me era especialmente sensível, porque por um detalhe de agenda poderia ser eu lá. Eu refletia que, quando coisas assim acontecem e somos lembrados de forma violenta de nossa fragilidade e do tanto de coisas externas a nós de que somos dependentes para continuarmos tocando nossa vida, temos três alternativas: nos desesperar e viver ansiosos é a primeira e talvez a mais comum.

Mas talvez você não ache essa uma boa opção. Bem, para não ser um desesperado, com medo até da sombra, vivendo de forma intranquila e nada saudável, você tem as outras duas opções: a primeira é que você pode ser um otimista. O otimismo tem a ver com temperamento com um esforço de autossugestão. Você fica repetindo para si mesmo que tudo vai acabar bem. Os livros de autoajuda adoram essa saída.

Particularmente eu prefiro a terceira: você pode ter esperança. Esperança não tem nada a ver com temperamento nem com sugestionamento, mas com a confiança no autor de uma promessa. Nasce do relacionamento com alguém que prova ser confiável.

Jesus Cristo disse que teríamos muitas aflições enquanto o pecado é a ordem do dia nesta Terra. Disse também que esse tipo de evento se multiplicaria quando estivesse próximo Seu retorno, em gravidade e em frequência, como as dores de parto. Mas a última coisa que Ele disse é que um dia o pecado seria defenestrado e no lugar haveria o tipo de mundo que Ele sonhou para nós. Uma realidade em que Ele “enxugará de nossos olhos toda lágrima”.

Olhando as cidades devastadas, cobertas de barro, as cenas de rios derrubando casas inteiras, os corpos em sacos plásticos pretos, pense nas três opções que você tem e considere com carinho a terceira. Caso você dê uma chance a Jesus e comece a passar tempo com Ele, vai experimentar o quão confiável Ele é. Você vai ter esperança na promessa. Você vai ter paz nesse nosso ambiente instável e vai viver feliz.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Holocausto

No monte do Sinai Moisés recebeu de Deus muito mais do que apenas as tábuas dos dez mandamentos; recebeu um sistema religioso inteiro. Esse sistema envolvia uma série de ritos, festas e sacrifícios que abrangiam celebrações e formas de adoração tanto individuais quanto coletivas e tanto episódicas quanto regulares e cotidianas. Dentre as formas de sacrifício que Deus instituiu, havia sacrifícios de cereais, sacrifícios pelo pecado, sacrifícios de gratidão e os holocaustos.

O nome hoje é sinônimo do genocídio de judeus e ciganos perpetrado pelos alemães na II Guerra Mundial, mas como era esse sacrifício para os israelitas? Bem, o holocausto é a primeira forma de sacrifício sobre a qual o Levítico fala. Há duas diferenças básicas do holocausto para os sacrifícios pelo pecado: a primeira, é que o animal trazido em sacrifício era totalmente queimado no holocausto. Na oferta pelo pecado, apenas algumas partes do animal eram queimadas no altar.

No holocausto o animal se consumia, portanto, integralmente. Suas porções nobres e suas partes mais impuras eram todas queimadas no fogo do altar, distante alguns metros do trono de Deus que estava no Santíssimo.

A outra diferença é que o holocausto não tem qualquer motivo indutor. O sacrifício pelo pecado era ofertado, claro, quando havia pecado; o holocausto não. Não havia uma razão específica para fazê-lo. O adorador fazia porque queria.

Assim como o holocausto, você entrega sua vida a Cristo porque quer. Ele “está à porta” e bate, Ele convida, mas cabe a você aceitar ou não. Nesse sentido, o holocausto me ensina que não faz sentido eu aceitar o convite, eu trazer o sacrifício, mas entregar apenas uma parte dele. Não faz sentido eu chegar até o altar e depositar nele dez minutos de meu tempo diário, mais, quem sabe, duas ou três horas de um dia específico da semana, mais talvez dez por cento da minha renda, algumas preferências de meu paladar e umas duas formas de lazer. Se Jesus tivesse feito algo assim, não teríamos sido salvos naquela cruz. Ele não entregou apenas parte de Si.

“Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremais 29:13). Todo.

Nunca seremos as novas criaturas que Ele sonhou se entregarmos apenas retalhos e fragmentos do que somos. Ele não poderá nos transformar se não votarmos nossa vida em holocausto completo perante Deus.

Que neste ano novo você permita que Deus tome cada mínima porção do que você é e do que você tem. E que sua vida suba como um cheiro suave para a eternidade afora.